Os pacientes relatam que recebiam medicação suficiente para 60 dias. A distribuição viabilizava o tratamento de pessoas que moram em cidades do interior. Sem dinheiro para se deslocar todos os meses para a Capital, elas acabam descontinuando a terapia.
É o caso de um homem de 46 anos, morador de Itaiçaba, a 165 quilômetros de Fortaleza. Após três meses sem tomar a medicação, ele conta que quase morreu em decorrência de uma pneumonia, doença oportunista.
Outra paciente, de 49 anos e diagnosticada HIV positiva há 13, explica que estranhou a diminuição na quantidade de remédios. “Quando eu não tomo, eu falto morrer. Minha cara enche de feridas”, diz.
Vando Oliveira, coordenador da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP) acredita que um maior esforço da classe política poderia evitar parte dos 348 óbitos de soropositivos em 2017. “Pelo andar da situação, em 2018 vamos ter muito mais”, diz.
Com uma única assistente social atendendo a demanda dos pacientes, eles relatam lentidão para conseguir informações sobre aposentadoria, garantia de cestas básicas e vale-transporte. Por isso pedem concurso pro setor.
Otávio Vasconcelos, 58, vice-coordenador da RNP, explica que no Ceará mais de 20 mil pessoas vivem com o HIV/Aids e é urgente a ampliação do atendimento. “Se não para todas as cidades, pelo menos, municípios polos precisam ter uma rede de atendimento”, sugere.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa do Hospital São José informa que o projeto de ampliação do ambulatório do Hospital São José está em andamento. O local já foi adquirido pelo Governo do Estado e vai funcionar em frente à unidade. Atualmente, o projeto está em avaliação. Com a ampliação, o número de atendimentos , que hoje passa de 9 mil por mês, deve ter um aumento de 50%.
Sobre a dispensação de medicamentos, a assessoria afirmou que alguns medicamentos são entregues em quantidade para uso mensal e outros para dois meses. “Essa diferença acontece por conta de uma organização logística de forma que garanta estoque para todos os pacientes”.