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Jovens fazem ato no MPE contra racismo em abordagens policiais
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Jovens fazem ato no MPE contra racismo em abordagens policiais

| PERIFERIA | Cerca de 20 jovens pediram ao Ministério Público para que haja intervenção nas denúncias de racismo e abuso feitas
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“Não quero entrar num terminal e ver alguém jogar minha mochila no chão pra saber o que tem dentro”. “Não quero mais ser abordado por policiais e ser perguntado por qual crime eu respondo”. “Quanto mais a pele escurece, mais a pessoa é enquadrada”.


As aspas acima são de jovens negros, moradores de bairros periféricos da Capital, que afirmam já terem sido alvo de racismo e preconceito por agentes de segurança. Ontem, eles foram para a frente do Ministério Público do Estado (MPE) pedir que o órgão interceda nos casos de denúncia.


Entre músicas de rap, discursos e poesia, meninos e meninas falaram sobre a importância de ocuparem espaços públicos, de se organizarem, de cobrarem e de darem um basta aos abusos que denunciam. “Entrou em um ponto de saturação. Nós não queremos respostas, nós queremos não ser suspeitos. Dos casos de agressão e racismo, a maioria é no terminal do Siqueira, justamente uma das áreas mais pobres”, afirmou uma das participantes da manifestação que preferiu não se identificar. “A Polícia lê jornal e conhece nosso rosto”, justificou.

 

O caso referido por ela aconteceu em junho e envolveu um aluno na Universidade Estadual do Ceará (Uece). O estudante afirmou ter sido humilhado em abordagem da Guarda Municipal. A Uece emitiu nota de repúdio e a Guarda afirmou que houve “abertura de procedimento administrativo disciplinar para apurar as circunstâncias do caso”.

 

Para Israel Félix, 20, que se autointitula “poeta do busão”, a ida ao MPE é uma forma de tentar pressionar o órgão em busca de soluções. Um requerimento de denúncia coletiva, conforme os participantes da manifestação, foi entregue ao Ministério.


Membro do Fórum Popular de Segurança Pública, Jamieson Simões destacou que o MPE tem obrigação constitucional de monitorar os atos externos da Polícia. “Então os casos de violência de agentes são responsabilidade do Ministério”, frisou. Ele ponderou ainda que os órgãos de controle interno das polícias e da Guarda são atuantes. Entretanto, demandam mais celeridade e autonomia.


“Sobre o caso no terminal do Siqueira, a Guarda disse que levará 20 dias para se posicionar. As respostas são necessárias, porque as pessoas precisam disso, do retorno e da reparação também”, detalhou.


O POVO solicitou que algum representante do MPE falasse sobre a atuação do órgão nas as denúncias feitas. Porém, no horário solicitado, à tarde, nenhuma fonte estava disponível.


A assessoria de comunicação da Guarda afirmou que o órgão não poderia se posicionar sobre a manifestação.

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