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Irmãos de Manaus recebem rins de um mesmo doador em Fortaleza
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Irmãos de Manaus recebem rins de um mesmo doador em Fortaleza

| INÉDITO | Compatibilidade rara permitiu o procedimento. Cerca de 5 mil pacientes no Ceará têm perfil de transplante, mas só 400 estão na fila
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Um transplante inédito no Ceará: dois irmãos receberam, no mesmo dia, rins do mesmo doador. A compatibilidade, rara, foi comprovada através de uma moderna técnica de biologia molecular. Os procedimentos foram realizados há cerca de um mês no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). A unidade concentra 49 dos 113 transplantes renais feitos este ano no Ceará. Ao todo, de janeiro até o último dia 8 de junho, foram 600 transplantes de órgãos e tecidos no Estado.

[SAIBAMAIS]

Apesar da condição específica para que fossem alcançados na lista de espera, Raimundo Rodrigues de Abreu, 57, e Antônio Rodrigues de Abreu, 51, são minoria entre os doentes renais crônicos. No Estado, atualmente, existem cerca de cinco mil pessoas em hemodiálise, com perfil para receber um novo rim. Entretanto, apenas 400 compõem a fila de espera. Realidade que soma inúmeras deficiências sociais, culturais e econômicas, além de reforçar uma lógica de que os gastos com o tratamento são muito maiores do que com o procedimento cirúrgico.

 

Para que conseguisse fazer o transplante após a descoberta, há cinco anos, de uma nefropatia diabética, Raimundo passou um mês em São Paulo e outro em Santa Catarina. Chegou ao Ceará há um ano, alugou um apartamento no município de Aquiraz e fazia sessões de hemodiálise no município vizinho. Teve apoio dos três filhos e da esposa. E sustentou-se com o dinheiro da venda da fábrica de marcenaria que tinha em Manaus, sua cidade natal.

 

“Consegui a aposentadoria, tive também auxílio de Tratamento Fora do Domicílio (TFD), do Governo Federal, para ajudar no aluguel, na alimentação. Temos perseverança para viver, ficar bom, de melhorar a qualidade de vida”, contou o homem que dá graças a Deus por não fazer hemodiálise há mais de 20 dias. Raimundo disse que nunca pensou que passaria por todas essas mudanças na vida e nem que faria o transplante junto ao irmão, que adoeceu um ano após seu diagnóstico.


A chefe da Unidade do Sistema Urinário do HUWC, Paula Fernandes, explicou que nem todos os pacientes renais estão ativos da lista de espera por um rim, mesmo que o necessitem. Isso porque vários exames e consultas são exigidas e muitas pessoas não conseguem executá-los. “São necessários pelo menos 30 exames. E às vezes demora. Alguns pacientes moram longe, têm dificuldades. Já vão três vezes na semana para a hemodiálise, não têm condições de vir para fazer exames”, ponderou.


Fortaleza é a única capital brasileira, conforme a médica, onde pacientes renais crônicos não têm passe livre no transporte público. A hemodiálise prolonga a vida de muitos pacientes, mas não cura a doença e nem traz qualidade de vida. Os principais diferenciais do transplante.

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