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Clubes sociais enfrentam dificuldades para se manter
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Clubes sociais enfrentam dificuldades para se manter

| FORTALEZA | Após a decadência do antigo hábito de congregação nos clubes, eles apresentam problemas, dívidas e procuram se reinventar
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[FOTO1] Há mais de oito décadas os clubes sociais de Fortaleza fazem parte da vida de famílias cearenses. Náutico Atlético Cearense, Iate Clube, Ideal Clube, entre outros, já foram tradicionais locais de congregação. O auge dos clubes aconteceu nos anos 1950, com alguns chegando a somar 15 mil associados que contribuíam com as contas e manutenção dos espaços. Eles se tornaram mais que lugares para grandes festas, mas promotores do esporte amador, da arte e símbolos da arquitetura da época que foram construídos.
 

Entretanto, os hábitos da Cidade mudaram de forma que menos pessoas se interessam em ingressar nas associações. Atualmente, são poucos os clubes que resistem, lidando com dívidas tributárias e impasses para sustentar a relevância.
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“As festas se popularizaram, as barracas de praia investiram em restaurantes chiques e os condomínios residenciais construíram grandes áreas esportivas. Isso fez com que as atividades que o clube fornecia não fossem tão atrativas”, analisa o historiador Agileu Gadelha.

A mudança de hábitos fez o número de associados cair drasticamente. Hoje, o Náutico Atlético Cearense conta com apenas 750 contribuintes. O espaço que possui quadras de esportes, academia e piscinas olímpicas enfrenta dificuldades para prosseguir ativo.

O presidente do conselho do Náutico, Meton Cesar de Vasconcelos, afirma que as dívidas que o clube tem hoje são “impagáveis” com os recursos disponíveis. A quantia é de um déficit mensal de quase R$ 300 mil em tributos.
 

A diretoria do clube surgiu com um projeto de construção de um estacionamento com 800 vagas pensado para sanar o problema. 

 

Entretanto, a medida foi duramente criticada por uma parcela de sócios por demandar demolições, comprometendo a conservação da arquitetura de Emílio Hinko.
 

Um pedido para tornar o prédio tombado pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (Coepa), impedindo as modificações, foi votado e negado em fevereiro deste ano. No momento, o Náutico é tombado somente de forma parcial pela Prefeitura de Fortaleza.
 

“Um bem tombado perde praticamente a liberdade de exercer livremente seu direito de propriedade. Ele era de absoluta desnecessidade posto que seus dirigentes jamais mostraram intenção de mutilar sua sede histórica”, defendeu Meton. Outras formas de corrigir a dívida existente estão sendo pensadas pela diretoria do clube.
 

Para competir com as casas de shows e restaurantes, o Iate Clube de Fortaleza tem apostado em eventos com grandes artistas e festas exclusivas. “Nos últimos dez anos, o número de sócios reduziu pela metade. Os clubes estão fadados a não existirem daqui a alguns anos. É a tendência natural”, compreende Licínio Corrêa, presidente do clube.
 

Ele afirma que o Iate ainda consegue se manter e indica como principais atrativos a segurança do espaço fechado e a vista para o mar. Segundo o presidente do clube, além do convívio familiar, é importante relembrar o papel desses espaços na formação de atletas por meio do ensino de diversos esportes.

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