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Projeto Dodói ajuda no tratamento de crianças com câncer
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Projeto Dodói ajuda no tratamento de crianças com câncer

| DODÓI | Gibis, jogos e bonecos criados pela Fundação Maurício de Souza explicam para pais e pacientes o que é a doença e como funciona o tratamento
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As pequenas Sol e Maria são duas novas personagens da Turma da Mônica. Uma delas tem leucemia, a outra tem câncer no sistema linfático. Em três histórias diferentes, elas narram aos amigos Cebolinha, Mônica e Magali os diagnósticos e as dúvidas sobre o enfrentamento das doenças. A história faz parte do kit do projeto Dodói, composto ainda por um boneco — Mônica ou Cebolinha —, cartilhas informativas para pais e pacientes, jogos e versões de brinquedo de itens médicos. Esse material serve para fazer algo simples, mas muito importante: ajudar a explicar o tratamento para crianças e adolescentes com câncer.

 

O projeto começou em 2006, por iniciativa da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) em parceria com o Instituto Maurício de Souza. Os itens da mochila-kit já foram doados a 4.650 pacientes, de 3 a 14 anos, em 40 hospitais brasileiros.

 

A psicóloga Emanuelly Mota, coordenadora do projeto Dodói no Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio), aponta que o objetivo do kit é facilitar a comunicação. A profissional explica que muitos pais têm receio de falar com o filho pequeno sobre a doença que ele está enfrentando e, ao mesmo tempo, também estão cercados de dúvidas quanto ao tratamento. A equipe de saúde fica responsável por esclarecer toda a situação tanto para o paciente quanto para os pais e familiares. Por meio da brincadeira e das cartilhas, o kit Dodói facilita essa interação, explica Emanuelly. O projeto é aplicado pela equipe de psicologia do Crio desde março de 2017, e já atendeu a cerca de 120 crianças.


Larissa Parente, psicóloga residente no Crio, acrescenta que pode ser um erro pensar que o jovem paciente não sabe o que está acontecendo com ele; é preciso contar.


De acordo com as profissionais, os itens lúdicos servem para promover o diálogo entre equipe médica, paciente e pais.


O filho da Franceilda Gomes, 27, de Acopiara (a 350 km de Fortaleza), é um desses pacientes. Gustavo acabou de completar 8 anos de idade, mas já está há três meses em tratamento contra um tumor no cérebro. A mãe diz que o filho está animado e gosta de ler as histórias do gibi, mas que a cartilha também lhe deu esclarecimentos.


“Ele quer comer de tudo e um pouco mais, e (a cartilha) ajudou muito com as dúvidas. Tem vários tipos de reações que eu não estava sabendo, mas que o kit vem mostrando”, diz a dona de casa.


No Ceará, o Dodói também é aplicado no Centro Pediátrico do Câncer, mantido pela Associação Peter Pan (APP), onde kit é usado desde outubro de 2016 e já atendeu a 212 pessoas. Débora Holanda, coordenadora do projeto na APP, diz que o boneco serve como “um amigo” para criança e os brinquedos e jogos contribuem para o conforto durante a internação.


As equipes das duas unidades hospitalares passaram por treinamento oferecido pela Abrale antes da adesão ao projeto.


Igor Veras, médico radio-oncologista do Crio, reitera que entender o tratamento ajuda a criança a ficar menos insegura e a aceitar os procedimentos de forma mais positiva. Diminuir a resistência do paciente também pode melhorar os resultados. “Nisso, o projeto ajuda muito”, sintetiza.

 

KIT DODÓI

Contém: boneco Mônica ou Cebolinha, gibi e revista de atividades, cartões, jogos de memória e tabuleiro, escala de dor com feições dos personagens, cartazes explicativos e manual de orientação para a equipe de saúde.

 

CÂNCER


Conforme relatório do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são previstos 420 mil novos casos da doença no Brasil. Destes, são estimadas 12.500 (3%) ocorrências oncológicas em crianças e adolescentes de até 19 anos. Somente no Nordeste são esperados 2.900 casos de câncer infantojuvenil.

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