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Chacina das Cajazeiras estava prevista para ocorrer em outro bairro
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Chacina das Cajazeiras estava prevista para ocorrer em outro bairro

| INQUÉRITO | Cinco suspeitos de envolvimento no massacre continuam foragidos. Segundo a SSPDS, não há relação com outras chacinas ocorridas este ano
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Durante os arranjos para o que resultaria na maior chacina da história do Ceará, outro local teria sido aventado, inicialmente, para o massacre. Como critério, a maior quantidade de desafetos da facção rival. Foi o que concluiu inquérito policial acerca da Chacina das Cajazeiras, que vitimou 14 pessoas no dia 27 de janeiro, no Forró do Gago. O resultado da investigação foi divulgado ontem pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

Por participação direta ou indireta no massacre, sete adultos foram presos, um adolescente foi apreendido, cinco suspeitos seguem foragidos e um homem responde em liberdade (ver quadro). A ação, segundo a Polícia, teve cinco mandantes, sete executores e dois partícipes. A motivação do crime foi a disputa por território para o tráfico de drogas.

Na madrugada em que a barbárie aconteceu, os criminosos percorreram a rua Madre Teresa de Calcutá até o local da festa, disparando a esmo. Foram assassinados Maíra Santos da Silva, 15; Maria Tatiana da Costa Ferreira, 17; Brenda Oliveira de Menezes, 19; José Jefferson de Souza Ferreira, 21; Raquel Martins Neves, 22; Luana Ramos Silva, 22; Wesley Brendo Santos Nascimento, 24; Antônio Gilson Ribeiro Xavier, 31; Renata Nunes de Sousa, 32; Edneusa Pereira de Albuquerque, 38; e Raimundo da Cunha Dias, 48. A maioria das vítimas e dos sobreviventes morava na região.


“A facção que deu o ataque (Guardiões do Estado) tinha a intenção de dominar aquele território (d0 Comando Vermelho) para cometer atos ilícitos, dentre eles, notadamente, crimes de homicídios e tráfico ilícito de entorpecentes”, explicou Leonardo Barreto, diretor da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
 

Conforme Everardo Lima, delegado-geral da Polícia Civil, os criminosos cogitaram realizar a chacina “em outro ponto de Fortaleza, inclusive, do outro lado da Cidade, bem distante”. “Durante a investigação, ficou esclarecido que o grupo saiu em busca de local de aglomeração onde tivesse os seus desafetos”.
 

Ele frisa que o Forró do Gago era frequentado por pessoas sem envolvimento com organizações criminosas e que, em determinado momento, “uma facção (CV) passou a frequentar com mais assiduidade”. Apesar de certo grau de elaboração para o massacre, não havia especificidade na escolha do local. “É um grupo que espera a oportunidade e age. Não tinha planejamento específico para atacar aquele local. A gente imagina que tenha havido um mínimo de levantamento para verificar onde teria aglomeração de inimigos daquele grupo responsável pelo ataque. Deixou de haver festa em outro local, o que resultou na não presença de inimigos”, aponta.
 

De acordo com André Costa, titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o crime não tem relação com outras chacinas ocorridas este ano. “Esses grupos não são organizados no sentido de terem uma centralização no comando. São células locais. Normalmente, o que acontece em uma região não tem uma forte vinculação com o que acontece em outras”. Após o crime, segundo ele, foram realizadas ações sociais e policiais no local. “A gente faz uma análise das manchas criminais e do indicativo que a Inteligência repassa. São duas principais ações: de prevenção, feita pela Polícia Militar, com uma maior saturação nessa área, e reforçando o papel da investigação da Polícia Civil”.
 

Com os detidos, a Polícia apreendeu sete veículos, nove armas, 531 munições, duas granadas e 26 quilos de drogas. 

 

SITUAÇÃO DOS ENVOLVIDOS
 

MANDANTES
 

> Misael de Paula Moreira, 26, foragido: indiciado por organização criminosa e pelos homicídios. Com antecedentes por roubo, homicídio, porte ilegal de arma de fogo e associação criminosa, entre outros crimes.
 

> Auricélio Sousa Freitas, 32, foragido: indiciado por posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, organização criminosa e pelos homicídios. Com antecedentes por furto, porte ilegal de arma, roubo e tráfico de drogas.
 

> Zaqueu Oliveira da Silva, 36, foragido: indiciado por organização criminosa e pelos homicídios. Com antecedentes por homicídio, ameaça, roubo e tráfico de drogas.
 

> Deijair de Souza, 29, preso em flagrante: indiciado por organização criminosa, pelos homicídios e posse ou porte ilegal de arma de uso restrito. Com antecedentes por roubo, porte ilegal de arma e tráfico de drogas.
 

> Noé de Paula Moreira, 34, já estava preso: indiciado por organização criminosa e pelos homicídios. Antecedentes por homicídio, roubo, estelionato, associação criminosa, porte de arma de uso restrito e tráfico de drogas, entre outros crimes.

EXECUTORES
 

> Pedro Paulo do Prado Sousa, 21, foragido: indiciado por organização criminosa e pelos homicídios. Com antecedentes por tráfico de drogas, receptação e posse irregular de arma de fogo.
 

> Joel Anastácio de Freitas, 18, foragido: indiciado por organização criminosa e pelos homicídios. Sem antecedentes
 

> Rennan Gabriel da Silva, 20, preso em flagrante: indiciado por organização criminosa e pelos homicídios. Com antecedentes por posse e porte irregular  de arma de fogo e tráfico de drogas. 


> Francisco Kelson Ferreira do Nascimento, 23, preso: indiciado por organização criminosa e pelos homicídios. Com antecedentes por receptação, porte e posse irregular de arma de fogo, tráfico de drogas e associação para o tráfico.
 

> Ruan Dantas da Silva, 19, preso: indiciado por organização criminosa e pelos homicídios. Com antecedentes por associação para o tráfico de drogas.
 

> Fernando Alves de Santana, 26, preso: indiciado por organização criminosa e pelos homicídios. Sem antecedentes.
 

> Adolescente, 17, apreendido: responde ato infracional por organização criminosa e pelos homicídios. Sem antecedentes.

PARTÍCIPES
 

> Ana Karine da Silva Aquino (conhecida como Nega do Pezão), 23, presa em flagrante: indiciada por organização criminosa, homicídios, tráfico de drogas e por posse ou porte irregular de arma de uso restrito. Sem antecedentes.
 

> Ayalla Duarte Cavalcante (conhecido como Zói), 22, preso em flagrante e responde em liberdade: indiciado por organização criminosa e pelos homicídios. Sem antecedentes.

Fonte: SSPDS

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