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Autismo: Luta pelo acolhimento marca primeira semana de abril
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Autismo: Luta pelo acolhimento marca primeira semana de abril

Na busca por direitos e contra preconceitos, associações promovem discussões sobre o transtorno
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Inclusão e aceitação são partes fundamentais do desenvolvimento de qualquer indivíduo e é por esses aspectos que pais, cuidadores e pessoas com autismo lutam diariamente. A data de hoje marca o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, instituída há 10 anos pela Organização das Nações Unidas (ONU). O transtorno, que afeta cerca de 2% da população mundial, ainda é pouco discutido, cercado por mitos e dúvidas. Com o objetivo de mudar essa realidade, coletivos e associações de Fortaleza farão programação intensa de palestras e ações esta semana.


Ana Paula Rolim, membro da Associação Fortaleza Azul (FAZ), conta que o dia 2 de abril serve para explicar à sociedade as necessidades e diferenças de uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ter direito à escolaridade, trabalho, interações sociais são as reivindicações básicas desse grupo. Além disso, um bom tratamento médico é outra pauta que a FAZ levanta. “O atendimento do SUS não comporta a todos e, muitas vezes, não é coberto pelo plano de saúde”, reclama.


Pessoas com autismo apresentam uma dificuldade básica na comunicação social, podendo ter dificuldade de entender comandos, de iniciar e de terminar conversas. Esses fatores são geralmente associados a um comportamento repetitivo. De acordo com o neurologista infantil André Cabral, o transtorno é facilmente identificável quando o indivíduo ainda é uma criança. Feito o diagnóstico, será preciso um acompanhamento com neurologistas, pediatras, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicólogos.


A extensa lista de cuidados não deve assustar, pois, segundo André, crianças com diferentes graus de autismo podem ter vidas normais. “O autismo não se configura como uma dificuldade intelectual, essas crianças podem aprender e se desenvolver”, explica. Por isso, uma educação que dê oportunidades de crescimento psicológico para crianças com autismo também é uma forma de melhorar a qualidade de suas vidas.


“Não precisa ser um expert. Se tiver amor e atenção e parar para acolher o outro você consegue desenrolar”, diz Larissa Gondim, mãe de Antônio Pedro, 6, e administradora de uma empresa de cuidadores. Para lidar com as dificuldades na comunicação do filho, Larissa apresentou a ele a linguagem Pecs (Picture Exchange Communication System). O sistema consiste em uma troca de figuras como forma de ajudar a criança a se expressar. Segundo ela, um preconceito recorrente é de que crianças com autismo querem ficar “no próprio mundinho”. “Isso acontece porque as pessoas não dão abertura e ela fica isolada por falta de acolhimento. No momento que há brecha, ela vai se relacionar”, explica.

 

AGENDA


Hoje, 2 de abril, às 18h: Lançamento do livro “Guia de Informação sobre o Transtorno do Espectro Autista” pela Assembleia Legislativa de Fortaleza, em sessão solene no Plenário 13 de Maio.


7 e 8 de abril, sábado (das 19h às 21h) e domingo (das 13h às 20h): II Jornada da FAZ – “Autismo: partilhando saberes num espectro de possibilidades” no Shopping RioMar Kennedy - Espaço de Eventos L3. No local, haverá palestras, mostra fotográfica, espaço jurídico, espaço infantil e rodas de conversa. Gratuito. Informações: www.faz.org.br


13 de abril, às 19h: Lançamento do livro “Precisamos falar sobre o Transtorno do Espectro Autista”, organização de Ana Maria Timbó Duarte, pela Associação TEAmo, no Shopping Benfica.


PARA ENTENDER

 

AUTISTA NÃO, COM AUTISMO SIM

Para a psicóloga Yuska Garcia, o rótulo de “autista” limita a complexidade de um indivíduo a somente ter o transtorno. A “pessoa com autismo” é mais do que as dificuldades que apresenta. Ela pode ter habilidades diversas, manter uma vida normal e não se resumir às suas deficiências. 

 

DIAGNÓSTICO NÃO É O FIM

A descoberta do transtorno pode ser feita muito cedo na vida de uma pessoa. Entretanto, isso não deve paralisar os pais, muito menos o desenvolvimento da criança. O diagnóstico deve ser tratado como o começo de uma estratégia. Cuidados, conquistas e muita evolução ainda estão por vir. 

 

ENSINAR O DIFERENTE

A escola é parte fundamental na inserção do sujeito na sociedade. Yuska explica que uma criança com autismo deve conviver com outras crianças, com a escola como mediadora. A riqueza de maneiras de se relacionar ensinadas no ambiente escolar é um direito de todos assegurado por lei. Portanto, a escola deve promover um ambiente de aceitação preparado para lidar com as necessidades dos alunos.

 

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