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A longa procura pela imunização contra a gripe H1N1 nos postos
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A longa procura pela imunização contra a gripe H1N1 nos postos

| SEM VACINA | Repórter tentou se vacinar em seis postos, durante quatro dias, em dois municípios. Conseguiu no fim da tarde de ontem, trabalhando
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Não deve haver pânico. Mas há medo, principalmente quando envolve pais e filhos. Sei que os casos de H1N1 não são maiores do que anos anteriores, não inspiram mais do que os cuidados recomendados. Mas se há uma campanha de imunização para conter uma possível epidemia, ela deve ser séria, completa e atender quem pretende. Isso não tem acontecido no Ceará. Eu, grávida, mãe de uma uma criança de 2 anos, fui a seis postos, em dois municípios, durante quatro dias, e só consegui me vacinar ontem, enquanto colhia mais informações para este texto. Meu filho segue sem imunização.

[SAIBAMAIS]

Na sexta-feira, 20, quando foi anunciado início antecipado da campanha, procurei dois postos no Eusébio, onde moro, e a resposta foi só na segunda-feira, 23. No fim de semana, sete unidades estavam abertas na Capital. Mas não havia pressa e esperei até o dia recomendado pela profissional de saúde. Como orientado, segunda-feira, fui novamente ao posto e, às 9h30min, a informação que recebi foi que as doses recebidas já teriam acabado e que eu só retornasse dois dias depois. No segundo posto, nem isso.


No dia seguinte resolvi tentar Fortaleza, também antes das 10 horas. Mais dois postos e, da calçada, já se tinha a informação de que “a vacina acabou, chega à tarde ou amanhã”. Ok, não há pânico, vamos tentar amanhã. Porque apesar da vontade em se proteger, a vida exige também um expediente a ser cumprido.

 

Ontem, a via crucis continuou. Tentamos um dos postos já conhecidos e outros dois, em bairros distantes e distintos, buscando uma menor procura. Passamos a manhã de um para o outro e a resposta foi um pouco mais desoladora. “A vacina acabou e não tem previsão de chegada”.

 

A questão não é apenas a necessidade de correria. É o desrespeito com quem se desloca e recebe, dias seguidos, um não como resposta. Eu estava de carro, tenho saúde e um filho que, pasmem, até queria se vacinar. Mas vi mães andando no sol com bebês no colo, idosos que enfrentavam as péssimas calçadas da Cidade, pessoas que conseguiram uma folga do trabalho… todos sem nenhum retorno ou perspectiva.


Nas minhas buscas, achei uma matéria do MS sobre o dia do lançamento da campanha com o alerta do ministro Gilberto Occhi: “É preciso que todos estejam devidamente protegidos antes do inverno chegar, já que a vacina precisa de 15 dias para garantir a proteção”. Percebi que ele não estava falando para mim.

 

CAMPANHA


As vacinas deveriam estar disponíveis todos os dias, nos 110 postos da Capital, até o final de junho, quando a campanha chega ao fim

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