“Minha filha, nós aqui é o dia todinho dentro de casa com as portas trancadas. À noite, nem dormimos mais”. Assim uma moradora de 60 anos, que pediu para não ser identificada, descreve a rotina no bairro Jangurussu, onde mora há duas décadas. Uma narrativa recorrente na região cujos moradores tiveram que mudar hábitos e deixar de sentar-se nas calçadas para driblar a violência urbana. O Jangurussu é o primeiro bairro de Fortaleza a receber a Célula de Proteção Comunitária.
A comunidade foi escolhida por ser considerada “uma das mais violentas em termos de homicídio”, segundo o vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan (DEM).A iniciativa inclui a Torre de Observação 24 horas, equipamento que demandou investimento de R$ 347 mil e foi inaugurado na tarde de ontem.
Outras cinco unidades serão instaladas nas Goiabeiras, Barra do Ceará, Canindezinho, Vila Velha e Comunidade do Dendê (bairro Edson Queiroz), até o fim de julho.
A torre de segurança funciona sob o comando de dois guardas municipais e um policial militar, que monitorarão 24 horas por dia as 40 câmeras espalhadas pelo bairro. Enquanto isso, um efetivo de 40 guardas armados e 20 policiais deve fazer o patrulhamento a pé, de bicicleta e em motos. As rondas obedecerão a um sistema randômico que permitirá o sorteio das áreas por onde as equipes passarão.
O sistema operacional conta com o reforço de drones e do aplicativo Olho Vivo, que conecta moradores aos agentes de segurança.
Porém, a ferramenta só estará disponível em 15 dias, para sistemas operacionais Android e iOS. No Olho Vivo será permitido cadastramento de moradores ou de pessoas que trabalhem no bairro, que poderão fazer denúncias e chamadas de emergência através do aplicativo. O serviço funcionará via GPS e complementará o acionamento por telefone.
A logística é vinculada ao Programa Municipal de Proteção Urbana (PMPU). De acordo com o prefeito Roberto Cláudio (PDT), o projeto deve somar-se à força policial já existente.
“Havia o diagnóstico de que a nossa Guarda Municipal poderia dar uma contribuição mais ativa na prevenção da violência, de forma mais integrada com a Polícia no território”, explicou o prefeito.
Sobre o armamento dos guardas municipais, Roberto Cláudio destacou que houve treinamento para o uso de arma de fogo supervisionado pela Polícia Federal e que isso é necessário pelo contexto da área.
“Não é o armamento que irá resolver o conflito da violência do território, mas ele é um acessório a mais, que vai garantir maior eficiência e segurança na prevenção da violência e promoção da paz”, disse RC.
APLICATIVO OLHO VIVO
APP
Estará disponível para Android e iOS daqui a duas semanas. Moradores ou pessoas que trabalham no bairro poderão se cadastrar para fazer contato com agentes de segurança.
FUNÇÕES
Usuários do app poderão fazer denúncias e chamadas de emergência através da plataforma, que atuará via GPS e vai complementar o acionamento por telefone.
VÍDEO
Ferramenta tem ainda a opção de “botão de pânico”. Veja vídeo em: bit.ly/appolhovivo