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A estratégia de tratar e reutilizar água do esgoto para garantir o uso eficiente do bem — que, no Ceará, está praticamente acabando — ganhou força no 8º Fórum Mundial da Água. Ontem à tarde, no evento, em Brasília, o diretor do Departamento de Planejamento e Regulação da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, Ernani Ciríaco de Miranda, compartilhou a intenção do Governo Federal de regulamentar o método e transformá-lo numa política pública para qualificar o apoio a estados e municípios.
“Pela lógica da disponibilidade hídrica do Brasil, onde a gente mais precisaria fomentar (o reúso) seria o Nordeste, porque há uma crise permanente. O potencial é muito grande”, mensurou o gestor, destacando o Ceará. Ainda segundo ele, tão logo a política seja efetivada, a projeção é que todo esse potencial deva ser explorado gradativamente até 2033. Dessa forma, a utilização da água reciclada, principalmente nos setores agrícola e industrial, se tornaria uma das ações públicas fundamentais para assegurar o abastecimento humano.
Presente ao fórum, o presidente da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Neuri Freitas, comentou que o Estado já possui legislação própria de incentivo ao reúso, mas compreendeu que o suporte da política nacional deve garantir a manutenção do processo. “Poderemos manter indústria e/ou agricultura irrigada com essa água, sobrando a água tradicional (acumulada em açudes) para o uso e o consumo humano”, afirmou. Sobre o reúso do esgoto domiciliar de Fortaleza para o abastecimento hídrico do Pecém, comentou somente que os estudos de viabilização continuam em andamento.
O painel que ampliou o debate sobre o tema mostrou ainda que o reúso tem tido resultados satisfatórios, por exemplo, no Aquapolo, que recicla água do esgoto de São Paulo para o consumo industrial, e na Califórnia (EUA), que já adotou a estratégia como política pública. No entanto, houve unanimidade quando se falou em integração desse método com outros como dessalinização e aumento da rede de saneamento básico.
Segundo André Sousa, químico e gerente de vendas da Dow Water Solutions, empresa que dispõe de tecnologias para tratamento da água do esgoto, é possível, hoje, tratar qualquer tipo de água — “depende da disponibilidade financeira”. A respeito da adoção da estratégia pelo poder público, afirmou: “é caro as pessoas não terem condições de sobreviver. Chegamos a um momento muito crítico, próximo ao caos. Agora, tem que investir”.
*A jornalista viajou a convite da empresa Dow