A proposta de descentralizar a produção audiovisual no Ceará é necessária e muito bem-vinda. Mas é preciso admitir que, do jeito que está, ela não cumpre sua missão. Não é de hoje que alguns realizadores entenderam que concorrer pelo Interior (mesmo vivendo e atuando profissionalmente em Fortaleza) traz facilidades para a aprovação de seus projetos.
Com a concorrência menor, muitos desses filmes são premiados mesmo obtendo dos jurados avaliações inferiores às de seus congêneres que disputam pela Capital.
O artifício para se habilitar às vagas destinadas ao Interior é dos mais simples. Basta abrir uma produtora em qualquer município e comprovar que lá ela está sediada, mesmo que seu uso seja restrito a fins deste edital.
Ilegal, de fato, não é, como costumam argumentar os que recorrem a esse ardil. Mas não quer dizer que é correto. Está muito longe de sê-lo. É no mínimo imoral. E, com certeza, até engorda (bolsos, portfólios e filmografias, pelo menos).
ÉMERSON MARANHÃO
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