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Presos aprendem técnicas de respiração com ioga
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Presos aprendem técnicas de respiração com ioga

| MEDITAÇÃO | Um dos objetivos da iniciativa é prevenir estresse e manifestações de violência na unidade prisional
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“Aqui dentro, eu só pensava no amanhã”. A fala demonstra a ansiedade de Bruno*, 33 anos, preso há mais de um ano. Transferido desde novembro para a Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim, em Itaitinga, ele fez parte da primeira turma do Prison Smart, curso de ioga promovida pela Secretaria da Justiça e Cidadania do Ceará (Sejus) em parceria com a Associação Arte de Viver. Ele utiliza as técnicas de respiração da meditação para tentar se concentrar no presente, controlar a ansiedade e a depressão. “Eu vivo o hoje”, ensina.


As aulas são oferecidas pela Sejus em um pátio, dentro do presídio, após uma seleção de 20 presos de acordo com o comportamento. Um dos objetivos do programa é favorecer o gerenciamento do estresse e das manifestações de violência dentro das unidades prisionais.
 

Os benefícios não são levados somente pela ioga, de acordo com o instrutor, o argentino Aroldo Aranda. A combinação entre a técnica e o controle da respiração, também ensinado por Aranda, auxiliam a manter a tranquilidade e a se focar no aqui e agora.

“Essas técnicas ajudam você a se concentrar somente no tempo existente, que é o presente. Retira as amarras do passado e faz se manter no que está acontecendo, evitando pensar e se angustiar com o que vem depois”, explica Aranda. Ele é enfático: pensamentos negativos são retirados, aos poucos, com a meditação.
 

A primeira turma contou com a participação de 20 detentos e a segunda, com  o mesmo número de presos e iniciada esta semana, já tem fila de espera. 


São 15 horas de métodos repassados pelo instrutor durante uma semana. Em seguida, Aranda vai até o presídio periodicamente para tirar dúvidas e conversar com os detentos sobre a aplicação das técnicas.

Sentados no pátio do presídio recém-entregue (inaugurado em novembro de 2017), os 20 detentos são orientados pelo instrutor a relaxar o corpo, fechar os olhos e ensinados a respirar com técnica e sem pressa. Ao se focar no agora, outras questões vão se tornando menores. Com a prática, os problemas vão ganhando, conforme o instrutor, a dimensão que realmente têm. “Eles foram totalmente receptivos à ideia e à meditação e estão dedicados e comprometidos. Vai fazer muito bem que eles pratiquem a meditação após o curso. Só depende deles”, avalia Aroldo Aranda.

A meta é levar o Prison Smart a sete unidades até o mês de junho de 2018, envolvendo 210 internos nas atividades.
 

Cristiane Gadelha, coordenadora de Inclusão Social do Preso e do Egresso da Secretaria da Justiça e Cidadania do Ceará, informa ainda que a ideia é levar a meditação para a maior parte dos 879 detentos da Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim, que tem capacidade para 600 pessoas.
“Dando resultados, queremos levar a meditação para as demais unidades do Estado”, diz Cristiane Gadelha.

 

NAS PRISÕES DO CEARÁ
 

Até o meio deste ano, a Secretaria da Justiça e Cidadania promete levar o programa Prison Smart a sete
unidades prisionais do Estado 

 

PROGRAMA


PRISON SMART

 

 

ALCANCE
 

Criado em 1992, o programa é reconhecido internacionalmente e já foi implementado em cerca de 50 países, com estimativa de ter alcançado 250 mil pessoas.
 


FOCO


O programa é voltado a todos os atingidos pelo crime, sejam criminosos ou vítimas, infratores ou pessoas responsáveis pela repressão de crimes.
 


NO BRASIL

 

Desde 2002 no País, o Smart para Prisões da Associação Arte de Viver é aplicado em outros estados, como Minas Gerais, com o objetivo de reflexão e mudança do indivíduo. A meta principal é o rompimento dos ciclos de violência, dentro e fora dos sistemas penitenciários. 

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