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Obras no Lagamar do Cauípe são retomadas
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Obras no Lagamar do Cauípe são retomadas

| RECURSOS HÍDRICOS | Comunidade protesta contra a construção de adutora do Governo do Estado e permanece acampada no local
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O medo de perder água para abastecimento faz com que cerca de 50 pessoas da comunidade ribeirinha do Lagamar do Cauípe (Área de Proteção Ambiental), em Caucaia (Região Metropolitana de Fortaleza), se revezem em um acampamento próximo à adutora que está sendo construída pelo Governo do Estado no local. A obra, que estava paralisada desde dezembro do ano passado por decisão judicial, foi retomada ontem.
[SAIBAMAIS]
O projeto de perfuração de poços horizontais que se iniciou no primeiro semestre do ano passado prevê a retirada da água do manancial para o município de São Gonçalo do Amarante e o Complexo Industrial e Portuário do Pecém. A expectativa de vazão é de 200 litros por segundo. Em dezembro do ano passado, a Justiça determinou imediata suspensão das obras. No dia 12 deste mês a liminar foi derrubada, permitindo a retomada das atividades na construção.

“Hoje (ontem) de manhã, por volta de 5h30min, chegaram com esse documento dizendo que tinham derrubado a liminar que a gente tinha conseguido na Justiça e iriam retomar a obra, mas nenhum de nossos representantes foi avisado com antecedência dessa suspensão”, afirmou José Ailton da Silva. Durante visita do O POVO ao local, além de funcionários dando seguimento às obras, policiais do 12º Batalhão e do Batalhão de Choque estavam presentes.


De acordo com Ailton, além de uso para abastecimento de mais de cinco comunidades nos arredores, a água é usada para atividades locais como pesca e agricultura. “Aqui nós já sofremos com a falta de água. A um quilômetro daqui minha mãe tem que comprar água do carro-pipa toda semana”. De acordo com ele, bairros próximos como Planalto Cauípe, Primavera e Matões já sofrem com escassez de abastecimento.
 

Éliton Meneses, do Núcleo de Habitação e Moradia da Defensoria Pública do Estado, acompanha o caso e afirmou que haverá pedido de recurso da decisão para que as obras sejam novamente paralisadas.
 

De acordo com ele, além da ação coletiva que resultou na paralisação exite uma outra liminar pendente. Conforme a Defensoria, há inconsistências com o procedimento de liberação do alvará para a obra na Área de Proteção Ambiental (APA) do Lagamar do Cauípe.
 

A intervenção que deveria ter sido concluída em setembro do ano passado tem nova previsão de funcionamento para daqui a 20 dias. A ideia, conforme a Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), é liberar água somente durante sangria do rio.
 

“Mesmo assim a gente tem medo. Além do abastecimento e da pesca, a gente tem uma memória desse rio”, afirma a estudante Paloma Silva, 21. “Em 2014, ele já secou e foi muito difícil porque a gente vive disso aqui. O rio somos nós”, conclui Paloma.   

 

EM MAIO do ano passado foram iniciadas as perfu-rações


EM DEZEM-BRO de 2017 a Justiça deter-minou paralisa-ção imediata da obra

DESDE O último dia 12 a liminar de paralisa-ção foi suspensa

EM 20 dias as obras devem ser concluí-das para testes iniciais

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