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Notas máximas de redação tiveram redução de 31% no Enem 2017
CIDADES

Notas máximas de redação tiveram redução de 31% no Enem 2017

| EDUCAÇÃO | Balanco de notas foi divulgado ontem pela presidente do Inep, Maria Inês Fini. Inscrições do Sisu foram adiantadas para 23 de janeiro
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O balanço de notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017 divulgado ontem pelo Ministério da Educação mostra que ficou ainda mais difícil chegar à nota máxima na redação. Com o tema “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”, a prova ano teve menos notas máximas e mais notas zero.

No ano passado, conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),somente 53 pessoas conseguiram atingir a nota mil na redação. O número é 31% menor que em 2016, no qual 77 candidatos alcançaram a nota máxima. Além disso, outro fator que chamou atenção nos resultados de 2017 foi a quantidade de pessoas que zeraram a redação: mais de 309 mil pessoas, 5,94% a mais que no ano passado.

”Quando vi que só 53 pessoas tiraram nota mil, pensei que que não teria a menor possibilidade de ser uma delas. Foi uma surpresa pra mim”, conta Maria Fernanda Gurgel, 18, estudante do colégio Santa Cecília. A cearense é uma das alunas nota mil na redação do Enem 2017 e atribui o bom resultado ao preparo que teve antes da prova. “Realmente foquei nas provas de redação e matemática”, afirma. 


De acordo com ela, a especificidade do tema pode ter representado uma dificuldade para outros estudantes. “Lembrei que já tinha feito redação sobre inclusão de pessoas com deficiência na educação, mas não especificamente para pessoas surdas”, explica.
 

Foi também por meio de leitura anterior sobre o tema que Débora Valença, 19, chegou à nota máxima no Enem. A estudante do colégio Ari de Sá quer cursar Medicina e conta que, assim como Fernanda, recebeu o resultado com surpresa.
 

Conforme Maurício Manoel Santos da Silva, professor e coordenador do projeto Alcance, outros fatores que podem ter contribuído para o aumento de notas zero é a mudança da banca corretora, a adoção de critérios mais rigorosos de correção e a maior flexibilidade para atribuição da nota mínima.
 

“Foram mudanças que podem ter contribuído para isso, além do tema da redação, que, apesar de ótimo tema, era muito específico”, explicou. Ele destaca que, apesar disso, houve aumento da nota média geral da prova, chegando a 558.
 

A maior quantidade de zeros se deu por “fuga ao tema”. Em coletiva de imprensa realizada ontem, Maria Inês Fini, presidente do Inep, afirmou que o aumento segue dentro da média dos anos anteriores.
 

Outra área que apresentou aumento na média geral foi matemática, que passou de 489,5 em 2016 para 518,5 no ano passado. Segundo Michael Gahdhi, coordenador de Matemática da Escola José de Alencar, as boas notas ao longo do ano se devem à familiarização no estilo de prova do Enem.  

 

“Professores e alunos começaram a entender a prova e o que é pedido de competências e habilidades”.
 

Conforme a estudante do Colégio Juvenal de Carvalho, Letícia Beatriz, 17, a prova como um todo teve nível de dificuldade maior neste ano. “Fiz a prova em todos os anos do ensino médio e neste ano senti bem mais conteudista. 

 

Antes uma pessoa poderia se dar melhor na prova de matemática usando lógica, por exemplo. Hoje, se não tiver o mínimo de preparo de fórmulas ela não vai se dar tão bem”, afirma.   

 

Inscrições

 

2018
O Enem deste ano será aplicado nos dias 4 e 11 de novembro. O edital será publicado em 21 de março e as inscrições deverão ser realizadas de 7 a 18 de maio 

 

SERVIÇO


Inscrições do Sisu
 

As inscrições foram adiantadas para o dia 23e seguem até 26 de janeiro. 


ANÁLISE


A REDAÇÃO
do Enem exige a produção de texto em prosa, dissertativo-argumentativo, acerca de temática de ordem social, científica, cultural ou política. Os aspectos avaliados relacionam-se às competências: (1) domínio da escrita formal da língua portuguesa; (2) aplicação de conceitos oriundos das várias áreas de conhecimento; (3) seleção e organização de argumentos em defesa do ponto de vista; (4) conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para argumentação e (5) proposição de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos. Percebe-se que a redação nada mais exige que o emprego de competências basilares para o indivíduo manejar-se com desenvoltura na sociedade. Não obstante, somente 53 alunos obtiveram a nota máxima, um decréscimo de 31% em comparação a 2016. O número de alunos com nota zero passou de 309 mil, representando 6,5% do contingente de quase 4,72 milhões de candidatos. Embora a nota média na redação tenha sofrido pequeno incremento de cerca de 3%, ainda assim, a educação básica brasileira suspira ofegante no leito de morte, clamando por auxílio. Em tempo: tratam-se dos futuros alunos do ensino superior. Quo Vadis, Brasil?

Wagner Bandeira Andriola

professor da UFC e pesquisador do CNPq 

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