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A força do dragão
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A força do dragão

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O Dragão Fashion tem muito de Cláudio Silveira e vice-versa. Ele se inventa e se reinventa quantas vezes forem necessárias. Na companhia e sendo a própria força do Dragão, soma 18 já - sem olhar para trás. Cláudio Silveira é um visionário, apaixonado e frente de luta pela moda autoral cearense. Para ele, o presente é o futuro sendo escrito agora. Diante do novo e do improvável é que ele crê na moda e nos talentos que a fazem. É como o produtor, coração do Dragão, recarrega suas forças para a edição seguinte do DFB Festival, não duvide que ele já tenha palpitado a edição 2018. 

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Cláudio é do bastidor, de fazer as coisas acontecerem. Porque “quem não sonha, morre de insônia”, avisa aos tripulantes. Na explicação mais didática, Cláudio é a central das cinco cabeças que oxigenam moda – e não só – durante o DFB. O “pesquisador enlouquecido”, como brinca dizer, sorri com os olhos quando é para falar do gigante multicultural que hoje se veste de brilho para celebrar 18 anos no Terminal Marítimo de Fortaleza. O cenário foi o ponto de encontro para a entrevista a seguir. Confira!

O POVO: O Dragão chega aos 18 anos e se apresenta de fôlego renovado. Qual a expectativa e o que essa nova idade significa?
Cláudio Silveira: Estamos muito felizes porque o que temos de conteúdo para mostrar ao público é inesperado. Viemos com vontade de realmente festejar os 18 anos, de fazer o Dragão ser visto como um projeto que realmente deu certo, que teve seu foco atingido. É uma grandiosidade essa dele de conseguir unir tantos atores e formar tantas pessoas também. Olhando para trás, é isso que esses anos simbolizam.

OP: O que vem à sua memória dos anos até aqui de DFB?
Cláudio: O que sempre vem à minha memória de edições anteriores é esse resgate do respeito que consegui para os estilistas desde a época que comecei a fazer o Dragão. Porque até então eles não tinham esse respeito. A indústria da moda os via como um operário da fábrica quando, na verdade, eles eram as cabeças pensantes, tinham que ser escutados. Hoje o mercado é mais positivo para eles. A indústria cresceu junto com o Dragão, melhorou muito a qualidade, não só do produto, por conta deles, dos estilistas, como do próprio visual merchandising das empresas. E depois que a Internet entrou no Dragão, eles puderam mostrar cada vez mais a sua capacidade de criação. Eu os admiro demais. Nesses 18 anos, foram mais de 195 acompanhando, sendo parte da história do Dragão.

OP: Ganhar maioridade tem lá seus privilégios... O que o DFB já pensa em ousar ano que vem?
Cláudio: Estamos cada vez mais pensando em aumentar a formação e a qualificação. O foco do Dragão é ser um festival, então assumimos realmente a patente de festival. E quero melhorar cada vez mais. Isso vai da forma como apresentamos o DFB à inclusão de todos dentro dele. Também quero aumentar a entrada da gastronomia, já dando um passo largo este ano, além de destacar, como principal, mais informação para todo o trade.

OP: Desses anos de Dragão, que história você puxa agora da memória?
Cláudio: Nossa! Foram tantas histórias... Mas o que mais me comove, todas as vezes, é ver o novo. Sou aquariano e não olho para trás. Sou visionário. Sempre olho para frente, então tudo o que é novo me atrai. Pessoas novas, talentos novos, pensamentos modernos... É como se o Dragão, a cada ano, recebesse uma nova dosagem de sangue novo.

OP: O DPM este ano pensa o conceito upcycling. Como chegou a ideia do tema?
Cláudio: Cheguei a esse tema por conta do Alexandre Herchcovith. É uma “pegada” que ele vem fazendo muito forte em São Paulo e, também, porque, nas viagens que fiz internacionais, o foco era upcycling. O mundo está muito louco, as coisas estão muito caras e as pessoas precisam se reinventar, se (re)acostumar e se reusar.

OP: Este ano, Lili debuta na passarela do DFB. Conta dessa relação, sua e do DFB com o estilista, e as expectativas para o desfile.
Cláudio: O Lili é uma grande inspiração para todos os estilistas do País. Temos que tirar o chapéu para ele porque ele é um vencedor, com todas as dificuldades que ele passou para chegar aonde ele chegou, sem nunca ter deixado a criatividade sumir. Ele sempre surpreendeu e se preparem que ele vem com uma surpresa absurda, como sempre.

OP: Como é acompanhar tantos outros talentos lançados e descobertos no Dragão Fashion?
Cláudio: Fui chamado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção de “pescador de talentos”. Achei o máximo! Como a minha visão é macro e ela permite tudo, não me perco em um grupo, não me fecho em um foco – abro todo ele –, vejo todos com muita seriedade. Procuro enxergar a capacidade de cada um dentro da sua história. E, claro, dou minhas pinceladas... A Valentina Sampaio, por exemplo, saiu daqui. O Vitorino Campos também. Hoje eles ganharam o mundo.

OP: Da Colômbia para o Peru, como essas conexões enriquecem o Dragão Fashion e o público que participa do evento?
Cláudio: Essas conexões com os países vizinhos são riquíssimas. Elas oxigenam a mente e despertam novas possibilidades de criação. A qualidade e a mistura de cores do têxtil do Peru – que tão bem expressa essa alma latina, vibrante e cheia de trançados – é um desses starts. Você não pode se prender só ao técnico. É preciso se inspirar e, para isso, viajar, mergulhar em novas culturas. O Dragão é essa ponte e o próprio mix cultural.

OP: Como o DFB reconfigura o cenário das semanas de moda do País?
Cláudio: Ele dá uma mexida na área... Ele vai fazer com que as pessoas repensem os seus eventos porque foi o que fiz... A moda precisa disso, de fôlego. E o Dragão, ele é livre. Ele não é preso a estereótipos, só para indústria e empresários. Ele abre para o mercado, para o público e para a sociedade.

OP: E o que você deseja para o futuro do Dragão?
Cláudio: Patrocínio, apoio e mais respeito aos nossos atores. Não quero que vejam apoiando o Cláudio Silveira. Quero que vejam apoiando a um trade, a uma equipe de profissionais.

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