Depois de demonstrarem grande irritação ao longo da quarta-feira com o ministro da Justiça, Torquato Jardim, autoridades e políticos do Rio de Janeiro baixaram o tom no dia de ontem. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), agora dizem acreditar na boa intenção de Jardim, que, em entrevista ao jornalista Josias de Souza, denunciou conivência do Poder Público com o crime organizado.
Na entrevista, Torquato Jardim disse que a segurança pública no Rio não está sob controle, hoje, pelas autoridades, mas por um acordo entre deputados e criminosos, fazendo dos comandantes dos batalhões da PM “sócios do crime”. Depois de dizer, um dia antes, que iria interpelar o ministro para que ele apresentasse provas de sua denúncia, o governador Pezão foi menos enfático em entrevista ontem à rádio CBN, dizendo-se admirador dele. “Não acho que tenha mentido e era uma afirmação pessoal, não do governo”, disse, voltando, porém, a exitir provas. “Se ele tem essas informaçções, que apure. Queremos tudo em pratos limpos”, concluiu.
O deputado Rodrigo Maia, em viagem oficial pela Itália, disse, de Pistoia, acreditar que as afirmações do ministro Torquatro Jardim sejam verdadeiras. No entanto, o parlamentar considera inadequada a forma como o assunto foi tratado. “Aquela entrevista talvez valesse depois de uma ação da polícia, com meses de investigação”, afirmou.
Mais violência
O Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, confirmou ontem a morte cerebral de Vitor Gabriel Leite Matheus, de três anos, atingido por um tiro na cabeça enquanto brincava na sala de casa na tarde de segunda-feira, 30 de outubro, em São João do Meriti, na Baixada Fluminense.
Segundo o diretor do hospital, Joé Sestello, a família decidiu doar os órgãos do menino. Vítor é a nona criança atingida por uma bala perdida no Rio este ano. O caso foi registrado na 64ª DP (São João de Meriti). De acordo com o comando do 21º BPM (São João de Meriti), não havia nenhuma operação ou ocorrência no local.
A criança brincava com os irmãos dentro de casa quando foi atingida. O pai ouviu um estrondo e achou que uma das crianças tinha caído no chão. Mas encontrou o menino com a cabeça ensanguentada. Segundo o pai de Vitor, o pedreiro Anderson Neves de Oliveira, de 56 anos, o tiro teria entrado pelo telhado.