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País registrou sete assassinatos por hora em 2016, diz levantamento
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País registrou sete assassinatos por hora em 2016, diz levantamento

O número de mortes violentas no Brasil subiu 4,7% em comparação com 2015, enquanto os investimentos em segurança pública reduziram. Foram 61.619 assassinatos. Dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública
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O Brasil registrou em 2016 a maior quantidade de mortes violentas e intencionais da história. Foram 61.619 assassinatos no ano passado, o que equivale a sete mortes a cada hora. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados ontem, que também mostram a redução de investimentos do Governo Federal e dos estados em Segurança Pública.

[SAIBAMAIS]

No Ceará, foram registrados 3.566 homicídios no ano passado, o que representa uma redução de 13,6% em comparação com ano anterior. Queda chegou a ser atribuída a uma possível trégua entre gangues rivais. Em 2017, porém, os dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) indicam que os crimes voltaram a subir. Até setembro, foram 3.818 homicídios no Estado, número que já supera em 7% o registrado ao longo de 2016.


Para a advogada Isabel Figueiredo, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que consolida os dados do anuário, a tendência de aumento registrado no Ceará é acompanhada pelos outros estados do País. “A gente não está vendo mudanças que indiquem que os números vão melhorar no próximo levantamento”, diz a pesquisadora, que atribui a redução de investimentos na área como um dos problemas a ser enfrentados.


No ano passado, a União destinou R$ 8,8 bilhões para Segurança Pública, que é 10,3% menor do que o valor aplicado em 2015. A verba diminuiu 1,7% nos estados, a quem recai a maior parte das obrigações com a segurança, como a manutenção de policiais civis e militares.


“Após as questões dos presídios (crise no sistema prisional), a gente teve um discurso forte de que a segurança pública seria uma prioridade, mas isso a gente não consegue perceber na prática”, analisa Isabel.


Para ela, os recursos devem priorizar planos estruturados, políticas organizadas e investimentos em prevenção. A advogada, que foi diretora da Secretaria Nacional de Segurança Pública, critica os investimentos, apenas, em mais viaturas, armas e policiais. “É o que a gente tem feito há anos e não há nenhum indicativo de que isso tenha dado certo”, completa.


Plano nacional

Em evento de apresentação do hub de Fortaleza, na manhã de ontem, o governador Camilo Santana (PT) defendeu a construção de um plano nacional de segurança pública, a exemplo do que foi feito em áreas como educação e saúde.

 

“O grave problema que o Brasil tem enfrentado é o trafico de drogas. É uma briga de facções criminosas que começou no Rio de Janeiro e tomou conta do Brasil inteiro. E nisso a Constituição é clara: é responsabilidade da União”, disse o governador para plateia de parlamentares e empresários. Para Camilo, a violência acaba atrapalhando a “vocação turística” do País.


Saiba mais


O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é desenvolvido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a partir de dados colhidos pela Lei de Acesso à Informação.


Para os dados de mortes violentas intencionais, a entidade soma homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de mortes e mortes em decorrência de intervenções policiais

 

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