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Governo pode recuar sobre trabalho escravo após decisão do STF
Brasil

Governo pode recuar sobre trabalho escravo após decisão do STF

Decisão da ministra Rosa Weber suspendeu os efeitos da portaria que modifica o conceito de trabalho escravo. Eliseu Padilha, da Casa Civil, admite que o Governo vai rever a medida e pode, até mesmo, revogá-la
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O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, admite que o Governo Federal pode modificar e até mesmo revogar a portaria sobre o trabalho escravo, publicada no último dia 16. A declaração ocorreu ontem, após a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), conceder liminar que suspende os efeitos da decisão que modifica o conceito de trabalho análogo à escravidão no País.

[SAIBAMAIS]

Na justificativa da liminar, a ministra afirmou que a portaria “atenua fortemente o alcance das políticas de repressão, de prevenção e de reparação às vítimas” do trabalho escravo. De acordo com a magistrada, a suspensão se justifica por haver “elevado risco de comprometimento” dos resultados alcançados durante anos de desenvolvimento de políticas públicas contra a prática criminosa. A decisão da ministra tem efeito até que o plenário do STF julgue o mérito da ação, ainda sem data definida. Em plebiscito, os ministros vão decidir se a portaria será suspensa.


Na semana passada, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, encontrou pessoalmente o presidente Michel Temer (PMDB) para pedir a revogação da portaria do Ministério do Trabalho. Para Dodge, a medida é inconstitucional. Ontem, após a decisão da ministra do STF, a procuradora-geral voltou a criticar as mudanças. “A portaria fere sobretudo a dignidade humana, e não apenas a liberdade”, disse Dodge em sessão do Conselho Nacional do Ministério Público.


Após a repercussão negativa da última semana, o presidente Temer se reuniu com o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, e admitiu mudanças na portaria. O Ministério do Trabalho informou que, até o dia 31, Nogueira deve apresentar alterações para as mudanças no trabalho escravo.


Também ontem, o juiz titular da 11ª Vara da Justiça do Trabalho do Distrito Federal, Rubens Curado Silveira, determinou que o ministro do Trabalho e a União estão obrigados a publicar a “lista suja” do trabalho escravo. O descumprimento da medida sujeitará o ministério à aplicação de multa diária no valor de R$ 10 mil. A lista foi criada há cerca de 13 anos e não era publicada desde julho de 2014.

Com agências


 

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