Pôr do sol, brisa fresca e um repertório calcado em standards do jazz gravados por Ella Fitzgerald, Cole Porter, Gershwin e também de Tom Jobim: uma combinação que só pode dar certo. O público do Rock in Rio que foi disposto a dançar com Justin Timberlake no início da noite de ontem e parou para ouvir o encontro das cantoras Maria Rita e Melody Gardot, no Palco Sunset, no entanto, foi castigado por problemas nos microfones e no som que perduraram por toda a apresentação.

Filha da MPB, Maria Rita se mostrou confortável ao interpretar monumentos da música norte-americana. “Cantar esse repertório é um dos maiores desafios da minha vida. Aprendi a cantar com Ella Fitzgerald, ouvindo na adolescência. Com a minha mãe aprendi que esse instrumento muito técnico também emociona. São duas rainhas que eu carrego comigo”, diz Maria Rita, trajada de diva.

“É minha primeira vez no Rock in Rio, obrigada demais”, disse Melody cria do jazz e do blues e apaixonada por música brasileira. O show terminou com Águas de março, que remeteu ao antológico dueto entre Elis Regina e Tom, de 1974.

Protestos

O show de Johnny Hooker com Liniker e Almério foi considerado, até agora, o mais político do festival. Na atitude dos três, na mensagem, na postura. Como já fizeram artistas no passado — quando o posicionamento político estava explícito e implícito nas suas canções — os três artistas expressam o que sentem e pensam. Escancaram a insatisfação, como quando Liniker cantou um “Fora Temer” em meio aos versos desesperadamente românticos de Zero.

O público respondeu com gritos, com o coro da mesma frase, entre uma canção e outra. Quando o telão ao fundo do palco exibiu a frase “amar sem temer”, cuja interpretação é livre àquele que a lê, mais palmas de aprovação.

Era um show de Hooker com convidados, então o artista do Recife brilhou, todo coberto de lantejoulas douradas. Ao fim do dueto de Flutua, um beijo de Liniker e Hooker. Juntos, os três executaram Não Recomendado, canção de Caio Prado. Ao final, os três cantores exibiram uma bandeira com a frase: “Acreditamos em um mundo melhor #amazonialivre”. E assim, no tom politizado, chegou ao fim um show sobre o amor. 

Saiba mais

O festival continua a partir de quinta-feira, 21, e segue até domingo, 24, no Rio de Janeiro. O público ainda poderá conferir, em vários palcos, atrações como Aerosmith, Bon Jovi, Ney Matogrosso e Nação Zumbi, Baiana System, O Grande Encontro, Guns N’ Rose, Titãs, Red Hot Chili Peppers, Thirty Seconds to Mars e Capital Inicial.