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Operação deixa 26 mil alunos sem aula e prende 43 pessoas
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Operação deixa 26 mil alunos sem aula e prende 43 pessoas

Soldado do Exército foi preso, suspeito de ter vazado dados para criminosos de comunidades alvos da operação
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A operação das Forças Armadas e da polícia em sete favelas da zona norte do Rio ontem deixou 26.975 alunos sem aulas. Desde o início do ano, segundo a Secretaria Municipal de Educação, 143.474 foram afetados - um em cada cinco estudantes da rede carioca. Na ação de hoje, pelo menos 43 pessoas foram presas.

[SAIBAMAIS] 

Medida tomada para evitar que crianças e funcionários sejam 

baleados em caso de confronto, o fechamento de escolas e creches já é praxe em favelas do Rio, mas o número desta segunda bateu o recorde de 2017 em termos de população prejudicada. A ação ocorreu nas comunidades de Jacarezinho, Alemão, Manguinhos, Mandela, Bandeira Dois e Parque Arará, além do Condomínio Morar Carioca, na zona norte.


O ano letivo começou no dia 2 de fevereiro e, dos 122 dias de aulas, em apenas oito não houve fechamento de unidade em decorrência da violência. Nesta segunda, 41 escolas, 11 creches e 12 Espaços de Desenvolvimento Infantil da Prefeitura não abriram.


As duas áreas mais atingidas foram o Complexo do Alemão, com 9.615 alunos em casa, e Manguinhos/Benfica, com 5685. Desde fevereiro, foram 407 unidades de ensino fechadas por pelo menos um dia. A iniciativa de suspender as atividades escolares se baseia numa resolução de 2010, que diz que em situações de conflito cabe à direção da escola cancelar as aulas. A resolução vem sendo revista porque os diretores não querem ficar com tamanha responsabilidade, segundo a secretaria. Um manual com diretrizes sobre o assunto está sendo formulado.


Vazamento

Um soldado do Exército foi preso ontem sob suspeita de vazar informações sobre uma das operações realizadas pelas Forças Armadas e pelas polícias contra a criminalidade no Rio. O militar Matheus Ferreira Lopes Aguiar, de 19 anos, teria prevenido traficantes da ação desencadeada em Niterói, na região metropolitana, no dia 16. Naquela ocasião, apesar da mobilização de milhares de agentes, nenhuma arma foi apreendida e só 13 pessoas foram presas. Mesmo diante do saldo modesto das duas primeiras mobilizações (na primeira, apenas três pistolas acabaram apreendidas), autoridades resistiam em admitir vazamentos.

 

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, fez um balanço positivo do trabalho: as equipes apreenderam 310 quilos de drogas, 7 armas e 25 motos.


Mais uma vez, porém, foram identificados indícios de vazamento. Reportagem da TV Globo afirmou que a Polícia Civil detectou ainda na noite de anteontem mensagens em redes sociais antecipando a ação, que mobilizou 5.546 militares, que utilizaram 532 veículos, dos quais 46 blindados. As fontes seriam militares. Na operação de ontem, não aconteceu apreensão de fuzis, outro sinal de vazamento de informações, pois os criminosos teriam tido tempo de esconder armas.


Jungmann, porém, minimizou a importância dos dados vazados. "Um soldado, por sua posição, não tem informações estratégicas. A capacidade dele de trazer prejuízo é muito limitada. É ruim? É. Mas são mais de 30 mil homens nas quatro operações. Esse vazamento é mínimo”.

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