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Há confusão em relação à extinção de reserva na Amazônia, diz Padilha
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Há confusão em relação à extinção de reserva na Amazônia, diz Padilha

Tema ganhou repercussão após modelo Gisele Bündchen criticar decreto de Temer, que abriu espaço para explorar mineração em algumas áreas
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Diante da repercussão negativa após a publicação do decreto federal que abriu espaço para explorar projetos de mineração em uma área enorme da Amazônia entre o Pará e o Amapá, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, convocou uma coletiva de imprensa às pressas em Brasília, no fim da tarde de ontem, para defender a iniciativa e “esclarecer dúvidas”.


Coelho Filho se comprometeu em não alterar o tamanho das unidades de conservação que fazem parte da Reserva Nacional de Cobre e Associadas (Renca) e disse que o governo cumprirá a legislação ambiental, de não liberar projetos dentro dessas áreas. O tema ganhou forte repercussão após a modelo brasileira Gisele Bündchen criticar o decreto assinado na quarta-feira, 23, pelo presidente Michel Temer, que abriu espaço para explorar mineração em algumas áreas da reserva, uma área do tamanho do Estado do Espírito Santo.


A redução de unidades de conservação tem sido um expediente recorrente no governo, com a finalidade de liberar áreas antes protegidas para operações de mineração. A estratégia é simples: como essas unidades de conservação não podem ter atividades minerais, o governo reduz o território dessas unidades por meio de projetos de lei ou medidas provisórias, autorizando atividades onde antes era proibido. Segundo Coelho Filho, “isso não está em discussão”.


“Está tendo algum desencontro de comunicação”, disse o ministro, lendo trechos do decreto que foi publicado. “A reserva sempre foi mineral. Nunca foi reserva ambiental. Essas reservas continuam sendo reservas ambientais, sejam estaduais ou federais “


O ministro do MME disse que informações de consultorias e organismos não governamentais apontaram que existem hoje 28 pistas de pousos clandestinos na região e aproximadamente mil pessoas praticando garimpo ilegal. Segundo Coelho Filho, porém, não cabe ao MME o papel de fiscalização dessas atividades. O que o decreto vai exigir, disse, é que explorações minerais na região terão de se submeter à legislação ambiental.


A área de 47 mil quilômetros quadrados em plena floresta amazônica, é alvo de projetos para extração de ouro e outros minerais nobres. Criada por meio de um decreto publicado em 24 de fevereiro de 1984, a reserva tinha o propósito inicial de explorar grandes jazidas de cobre incrustadas na região, mineral extremamente valorizado à época por conta das atividades do setor elétrico. Essa exploração, porém, nunca ocorreu. Nos últimos 33 anos, porém, foram criadas sete florestas protegidas e duas terras indígenas na região, cobrindo praticamente 80% de toda a área.


A área engloba nove áreas protegidas: o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, as Florestas Estaduais do Paru e do Amapá, a Reserva Biológica de Maicuru, a Estação Ecológica do Jari, a Reserva Extrativista Rio Cajari, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru e as Terras Indígenas Waiãpi e Rio Paru d’Este. De todas essas unidades e terras indígenas, apenas uma pequena parcela da Floresta Estadual Paru prevê atividades de mineração. Nas demais áreas, a exploração é 100% proibida, seja por conta da relevância ambiental da unidade ou por falta de um plano de manejo florestal.

Agência Estado

 

 

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Incomodado com as críticas de artistas em relação ao decreto assinado por Michel Temer, extinguindo a Reserva Nacional de Cobre e Associadas, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que está havendo uma confusão no caso. “Os fatos estão sendo retratados de forma inverídica”. Padilha diz que medida tem como objetivo regularizar situação que já acontecia na reserva. “Antes ela era destinada apenas a exploração de cobre, mas clandestinamente exploravam outros minerais, como cobre e ouro, a medida não abre nenhuma área de exploração nova, apenas regulamenta as que hoje já acontecem de forma clandestina”, explicou.

 

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