Logo O POVO+
Sem PM e com medo, população evita sair de casa no Espírito Santo
Brasil

Sem PM e com medo, população evita sair de casa no Espírito Santo

Governo acertou, ontem, envio de tropas federais para ajudar no patrulhamento das ruas enquanto situação não se normaliza no Estado
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL
[FOTO1]

A falta de policiamento no Espírito Santo causou uma onda de assaltos, arrastões e tiroteios no Estado desde o fim de semana, o que levou capixabas a evitarem sair às ruas ontem. Lojas foram arrombadas na Grande Vitória, mas não há balanço oficial de ocorrências da Secretaria de Segurança Pública. No Departamento Médico-Legal, famílias chegavam para reconhecer os corpos das vítimas do fim de semana.


O metalúrgico Prisleno Cesário Alves, de 27 anos, soube da morte do irmão Cleiton, de 34, quando recebeu uma foto pelo WhatsApp - imagens das vítimas dos crimes e vídeos de ataques a lojas têm circulado nas redes sociais. “Era ele. Reconheci pelo rosto e pela tatuagem no braço”, contou Prisleno, que chegou ao Departamento Médico Legal na noite desta segunda. De acordo com ele, o irmão era foragido da Justiça. O metalúrgico acredita que tenha sido vítima de emboscada.


Os olhos marejados da comerciante Tânia Regina Campos Chagas, de 49 anos, resumiam a tristeza de quem dali a alguns minutos iria reconhecer o corpo do filho Talisson, de 23 anos. “Ele estava envolvido com droga”, contou. “Acho que foi morto por uma gangue rival.”


Dona de um bar e mãe de outros dois, ela acredita que o assassinato do jovem foi consequência direta da greve da PM. “Nunca vi disso aqui nesta cidade. Está uma verdadeira bagunça. É muito triste.”


Insegurança

O Espírito Santo registrou pelo menos 58 homicídios entre o sábado, 4, e ontem, após a paralisação do patrulhamento nas ruas, motivada pelos protestos de familiares de policiais militares, que cobram aumento salarial para a categoria. Os homicídios, mais que o dobro da média normal, envolveriam a disputa de espaço pelo crime organizado. O temor levou o comércio a fechar as portas, o início das aulas foi adiado, as ruas ficaram vazias e o governo do Espírito Santo pediu o apoio do governo federal. Tropas da Força Nacional e do Exército chegaram nesta segunda-feira ao Estado.

 

Desde sexta-feira, porém, familiares de policiais ocupam a entrada de batalhões da PM, o que estaria impedindo a saída dos soldados para patrulhamento. Conforme o vice-presidente do sindicato, Humberto Mileip, os 58 mortos, em sua maioria, são traficantes. “A verdade é que grupos que dominam a venda de drogas na Grande Vitória estão aproveitando a falta de policiamento para ampliar os domínios”, disse.


Conforme ele, os principais confrontos entre bandidos ocorreram em Central Carapina e Feu Rosa, na cidade de Serra. Todos os corpos foram levados para o Departamento de Medicina Legal de Vitória, que já encontra dificuldades para acondicionar os cadáveres.

 

NÚMEROS

 

58

mortes

teriam ocorrido na Grande Vitória entre sábado e ontem

 

Saiba mais


Tropas federais reformam segurança


O desembarque de tropas federais na Grande Vitória, no Espírito Santo, deveria ocorrer a partir da noite de ontem. A informação foi confirmada pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann.


O total de militares que será colocado à disposição do governo capixaba ainda não foi confirmado, pois a autorização para a liberação das Forças Armadas só foi comunicada ao Ministério da Defesa no início da tarde pelo presidente Michel Temer (PMDB). Jungmann estima que até 2 mil militares reforcem o policiamento ostensivo em Vitória e na região metropolitana,

 

O que você achou desse conteúdo?