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Artistas urbanos reclamam da falta de diálogo
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Artistas urbanos reclamam da falta de diálogo

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A Secretaria Estadual da Segurança Pública destacou o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), grupo da Polícia Civil especializado nas investigações contra o crime organizado, para identificar pichadores de rua que atuam na capital paulista.

 

Há duas semanas, grupos de pichadores vêm sendo identificados pelas redes sociais. Os policiais têm mapeado locais em que eles se reúnem e planejam, em breve, segundo Doria, uma ação para executar prisões coletivas de suspeitos.


O ato de pichar prevê detenção de três meses a um ano, além de pagamento de multa. Uma lei de 2012 estabelece pena mais dura, seis meses a um ano, caso a pichação seja contra monumentos ou bens públicos.


Uma das ideias para aumentar a punição aos pichadores é tentar enquadrar os adeptos no crime de formação de organização criminosa, em que a punição pode chegar a oito anos de prisão.


Diante das ações de Dória, artistas e especialistas questionam a falta de diálogo. Para eles, as manifestações de arte urbana são patrimônio cultural que deve ser preservado.


“Há fundações internacionais, como a Cartier, de Paris, que recebem e apoiam pichadores brasileiros. Temos de estar de braços abertos para essa molecada, chamá-los para o diálogo”, defende Rui Amaral, um dos precursores do grafite em São Paulo. Ele vai se reunir com o secretário de Cultura, André Sturm, nos próximos dias para discutir as medidas recentes.


Amaral foi um dos curadores do corredor de arte urbana da Avenida 23 de Maio. Segundo ele, o projeto, um dos maiores murais do tipo no mundo, englobou a pichação e o grafite - e sua junção, o “grapixo”. Alguns desses trabalhos foram cobertos de tinta pelo prefeito há pouco mais de uma semana, durante uma ação do programa “Cidade Linda”.


A artista, curadora e pesquisadora de arte urbana Lilian Amaral também cobra uma participação maior da Secretaria de Cultura no diálogo com os artistas de rua. “Estamos falando de produção cultural. Não foi ao acaso que essas manifestações artísticas conquistaram espaço e chegaram ao ponto de estarem ligadas à identidade da cidade”, explica.


Segundo Lilian, o grafite e a pichação são linguagens artísticas que têm uma mesma origem, ligada à ocupação de espaços públicos. “É um tipo de manifestação consolidada no século 21. Temos de entender a arte urbana como patrimônio”.


“Sou totalmente a favor da arte urbana, com muralistas e o grafite. Só entendo que precisa ter disciplina. Não pode a cidade inteira estar grafitada. Até porque estabelece uma conexão com aqueles que julgam o que fazem como arte. E não é. Pichador não é artista. É agressor”, comentou Doria, que elogiou os trabalhos dos artistas urbanos Eduardo Kobra e da dupla Os Gêmeos. “Minha obrigação é cuidar da cidade. Não há nada que mude minha decisão de ser um grande zelador”, completou o prefeito. (Estadão)

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