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Facções continuam inimigas, mas estão desestruturadas, diz secretário
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Facções continuam inimigas, mas estão desestruturadas, diz secretário

Mauro Albuquerque atribui queda dos homicídios à descapitalização e quebra na comunicação dos grupos criminosos
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SECRETÁRIO da Administração Penitenciária diz que união contra o Estado foi
Foto: SARA MAIA 28/11/2014 SECRETÁRIO da Administração Penitenciária diz que união contra o Estado foi "bravata" dos faccionados

A intervenção realizada no sistema prisional do Ceará foi determinante para a queda dos homicídios no Estado, avalia o titular da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), Mauro Albuquerque. Segundo ele, a quebra na comunicação dos criminosos, decorrente da apreensão dos celulares, bem como a descapitalização desses grupos, com a inibição do cometimento de crimes no âmbito das penitenciárias, desestruturou as facções, dentro e fora das muralhas.

O resultado, explica Mauro, foi um recuo na guerra por territórios. Porém, assegura ele, não há "tolerância". "Eles continuam inimigos. O que não estão fazendo é se bater abertamente. Estão sem condições de se enfrentar nas ruas. Estão desestruturados. Antes, eles usavam muito do dinheiro que vinha de dentro do sistema para isso", defende.

A descapitalização, reitera, é ocasionada pela interrupção de crimes que ocorriam dentro das unidades prisionais, antes dominadas pelas facções. "Não tem mais capital. As pessoas têm que entender que a grande fonte de renda dos grupos criminosos é o sistema penitenciário. Televisão alugada, ventilador alugado, alimentação vendida, prostituição, estupro. E quando a gente corta, gera a descapitalização", sustenta.

Ao também considerar a redução como resultado de um trabalho conjunto com as forças da Segurança Pública, locais e nacionais, o secretário detalha que o fim da comunicação entre criminosos, em "tempo real", dificulta o ordenamento de crimes.

"O preso que tem celular e boca de fumo, tem os seus "meninos na rua" e controla tudo. Qualquer insatisfação, ele quer demonstrar poder. Ordena mortes, tortura e ataques. E quando quebra a comunicação, quebra as pernas. Não há tempo de reação online. Fica retardado. A ordem vai chegar por recado. Isso diminui o poder nas ruas. Quebra a legitimação do comando e da ordem", descreve.

Mauro Albuquerque atribui ainda às informações coletadas nos celulares retirados de dentro do sistema parte das informações que têm norteado as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do Ceará (MPCE) na identificação e prisão de criminosos fora do sistema. "Eles têm um potencial imenso de informações nas mãos", considera.

O secretário, que falou ao O POVO por telefone, no último dia 11, reafirmou que cresce a cada dia o número de detentos de facções rivais que são mantidos em uma mesma unidade prisional, embora em alas separadas, conforme entrevista publicada nas Páginas Azuis, em 18 de fevereiro último. "A gente tem feito isso constantemente. Aos poucos, a gente vai remodelando essa estrutura de divisão", disse, sem detalhar quais unidades passam pelo remodelamento. 

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