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Magic Paula critica a gestão do basquete feminino nas últimas décadas, mas vê melhorias em 2019

Paula aponta falhas do basquetebol brasileiro, que convive com escassez de bons resultados há quase duas décadas
15:58 | Jan. 02, 2020
Autor Bruno Balacó
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Bruno Balacó Jornalista de esportes
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Tipo Notícia

Magic Paula não tem papas na língua. Desde os tempos de atleta, a eterna parceira de Hortência nas quadras sempre expressou suas ideias de forma clara, contundente e direta. Quando o assunto é gestão do basquetebol no Brasil, a ex-jogadora - ícone da geração mais vitoriosa que a seleção feminina teve, com conquista de título mundial e medalha olímpica nos anos 1990 - sobe o tom das críticas para falar o que vem dando errado na modalidade.

Para ela, o hiato de quase duas décadas sem conquistas internacionais, que foi interrompido em 2019 com a conquista da medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos, não é só responsabilidade de quem está no comando do esporte.

"A partir de 2000, quando o Brasil conquistou o bronze nas Olimpíadas de Sidney, não conseguimos voltar a ser o que éramos. Pra mim, é um misto de culpa de gestão com culpa da geração. Se a gestão não investe, não planeja e não faz as coisas como tem que fazer, mata as gerações. E culpa das gerações por serem acomodadas e não cobrarem uma melhor situação. Por achar que se perdeu tá bom, se ganhou tá bom. O problema é que só está perdendo", criticou a ex-craque das quadras.

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A ex-jogadora também fez um balanço sobre os rumos que a gestão do basquetebol brasileiro sofreu nas últimas duas décadas. "Vejo essa má gestão, essa gestão amadora e corrupta que o basquete teve, e tinha na nossa época também, mas na nossa época a gente conseguia suprir com talento. A gente brigava mais pelas coisas que a gente queria. Tudo isso tem um peso", pontuou Paula, em entrevista exclusiva ao O POVO, no dia 30 de agosto de 2019durante um evento onde Magic veio a Fortaleza falar sobre gestão esportiva. Assunto que passou a se dedicar após a aposentadoria, no início dos anos 2000.

Para Magic Paula, a gestão do basquetebol brasileiro peca pela falta de habilidade em preparar a transição de uma geração para outra. "O problema do basquete é muito mais embaixo. É ter mais gente jogando, é pegar as meninas e colocar para jogar fora, é ter mesmo um projeto a longo prazo. Ganhamos o Pan agora, mas não vamos ficar eufóricos. O Pan deixou de ser a competição que foi em nossa época. Os países começam a investir em uma nova geração para disputar o Pan. Não vai a seleção principal. Então, não podemos subir muito nas tamancas", pontuou.

Ao analisar o atual desempenho da seleção feminina, Magic Paula vê pontos positivos. Porém, cobra uma valorização para que o grupo possa competir em alto nível e foque na disputa do pré-olímpico em fevereiro de 2020, valendo vaga para os Jogos de Tóquio. "Quando vejo o time de hoje, penso na gente (geração dela). Foi uma medalha no Pan (de 1991) que fez toda uma reviravolta no País. Precisamos ter pé no chão e ser conscientes de que não foi um campeonato que exigiu muito na gente, mas creio que foi bom para dar uma animada, para dar uma cara ao time. Gostei da postura do time, que jogou diferente do que vinha jogando".

"O problema do time é a falta de uma boa preparação, que só se reúne às vésperas das competições. Precisamos de uma seleção permanente. Disputando a Liga, sair jogando. Não dá para se reunir apenas a 10, 15 dias dos torneios. Isso não é o planejamento ideal", afirmou Paula, hoje com 57 anos. 

Ponderações da CBB

Em contato com o Esportes O POVO, a assessoria de comunicação da CBB comentou as declarações de Magic Paula, dadas em agosto de 2019, reforçando que a atual administração terminou o ano de 2019 com seis títulos em dois anos em Sul-Americanos de base, no masculino e feminino. No cenário interno, voltou a fazer os Brasileiros de Base em parceria com o Comitê Brasileiro de Clubes. Serão 26 em 2020, do sub-12 ao sub-23.

Sobre a preparação da seleção para os Campeonatos, esclareceu o modelo de preparação atual, em que as seleções internacionais são convocadas dentro das datas da Federação Internacional de Basquete (FIBA), da mesma forma que a FIFA faz no futebol. Explicou também que a seleção feminina irá se apresentar no Rio de Janeiro no dia 12 de janeiro, para os treinos visando o Pré-Olímpico Mundial. E que treinará na cidade até o dia 28. Além disso, fará amistoso contra a Sérvia, quarta colocada no ranking mundial. E treinará na Europa até o dia 6, quando estreia no Pré-Olímpico Mundial.

*Texto atualizado às 17h10min de 03/01/2020

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