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Sem patrocínio após medalha olímpica, Hypólito vê esporte em má fase

Após falhar duas vezes em Olimpíadas, o ginasta Diego Hypólito entrou no tablado sentido o peso da responsabilidade, no dia 14 de agosto de 2016. O brasileiro carregava ?fantasmas? da Olimpíada de Tóquio 2008, na China, e de Londres 2012, no Reino Unido. Na primeira, depois de fazer uma série quase impecável, caiu na última etapa. [?]
10:23 | Ago. 08, 2017
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Após falhar duas vezes em Olimpíadas, o ginasta Diego Hypólito entrou no tablado sentido o peso da responsabilidade, no dia 14 de agosto de 2016. O brasileiro carregava ?fantasmas? da Olimpíada de Tóquio 2008, na China, e de Londres 2012, no Reino Unido. Na primeira, depois de fazer uma série quase impecável, caiu na última etapa. A segunda queda foi de cara, ainda no início da sua apresentação no solo. ?Quando você falha duas vezes, a probabilidade de acreditarem em você é muito pequena?, conta Hypólito, pressionando uma mão na outra. 

No Rio 2016, em casa, ele acertou. O bicampeão mundial ficou atrás apenas do britânico Max Whitlock, e sentiu a redenção: medalha de prata.

Apesar da euforia e felicidade da realização de um sonho, Diego não vê as mudanças a longo prazo. ?Depois das medalhas olímpicas, eu vejo muitos atletas se queixando da falta de patrocínio. Eu mesmo estou sem um individual?, afirma. ?Hoje o que me mantém é meu clube, o São Bernardo do Campo, que é patrocinado da Caixa. Além disso, conto com minhas palestras, que são remuneradas?.

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Segundo Diego, todos os atletas de Seleção Brasileira de ginástica têm clube, menos Sérgio Sazaki ? curiosamente, ele é o ginasta do País mais bem colocado da história em uma Olimpíada, nono lugar em 2016, segundo o Jornal El País. ?Os demais atletas vivem do salário do Ministério, que é a Bolsa, e dos clubes?, explica Diego.

Para ele, não é possível, mas é necessário, conciliar a carreira de atleta com outra profissão. ?Só quem tem destaque maior consegue viver de esporte. São muitos anos de carreira e não tem como ter algo paralelo. São trabalhos distintos, eu treino de manhã até a noite, por exemplo?, conta. Ao todo, são aproximadamente oito horas de treinos diários, além de duas horas de fisioterapia. ?Minha modalidade, por exemplo, é muito metódica?.

Para Diego, a crise econômica e política que o Brasil enfrenta também é responsável pela ?má? fase em investimentos privados do esporte. ?O esporte está muito relacionado a dinheiro, mas meu legado é nunca desistir dos nossos sonhos?, concluiu.

Segundo Renato Cruz, medalhista paralímpico no revezamento 4x100m, os atletas brasileiros sofrem um grave problema. Por não ter condições de viverem do esporte, financeiramente, os esportistas se veem, em algum momento, diante de uma complicada decisão: lutar pelo esporte e, possivelmente, enfrentar dificuldades, ou seguir alguma outra carreira.

Otimista, entretanto, Renato acredita que o País está em transformação, e o cenário pode mudar. ?Somos um País de terceiro mundo, e temos potencial para sair de onde estamos?, afirma Cruz.  ?O Brasil está passando por um processo de mudança, e esse reconhecimento [da luta de um atleta] pode vir no futuro. Talvez eu não desfrute disso, mas as futuras gerações podem aproveitar?, finaliza.

Gazeta Esportiva

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