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O trabalho de Sampaoli sob a ótica dos sparrings do Santos

Uma das principais novidades no Santos sob o comando do técnico Jorge Sampaoli é a presença dos sparrings no dia a dia do CT Rei Pelé ? um grupo indefinido de jogadores das categorias de base para trabalhar ao lado dos profissionais. O desenvolvimento dos garotos é uma obsessão de Sampaoli. As movimentações contra os [?]
05:15 | Jan. 24, 2019
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Uma das principais novidades no Santos sob o comando do técnico Jorge Sampaoli é a presença dos sparrings no dia a dia do CT Rei Pelé ? um grupo indefinido de jogadores das categorias de base para trabalhar ao lado dos profissionais.

O desenvolvimento dos garotos é uma obsessão de Sampaoli. As movimentações contra os mais velhos aceleram a maturação e vão além de chamar atletas para completar coletivos. Em sua apresentação como treinador do Peixe, o argentino comentou sobre os sparrings virarem base do time titular em seus trabalhos anteriores.

Para entender um pouco mais das ideias de Sampaoli, a Gazeta Esportiva ouviu os sparrings inscritos na lista B do Campeonato Paulista e ainda não profissionalizados definitivamente. Dos 12, apenas três não puderam atender a reportagem: Lucas Lourenço, Sandro e Tailson.

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Há percepções em comum, como a intensidade dos treinamentos e a insistência pela posse de bola, e peculiaridades, como explicações digitais para superar a barreira linguística e o estilo ?calmo para explicar? e ?duro para cobrar?. Veja as entrevistas abaixo. 

Intensidade e adaptação à língua

  • Alexandre Tam, meia-atacante do sub-20 (19 anos e contrato profissional até 30 de junho de 2019)

?Os treinos dele são bem mais intensos e ele passa muito treino tático sobre posicionamento. Cobra intensidade de jogo e fala de sempre querer estar com a bola. É agitado e cobra bastante, conversa individualmente às vezes e a língua dificulta um pouco, mas estamos aprendendo e treinando melhor?.

  • Cadu, lateral-direito do sub-17 (16 anos e contrato profissional até 30 de setembro de 2021)

?Os treinos são completamente diferentes da base. É muita intensidade e ele cobra muito os jogadores. Às vezes não entendemos, mas depois pegamos as instruções com outros jogadores. Evoluí mais a minha intensidade, alguns movimentos de onde ir e de onde é melhor ficar em campo, além do que fazer no momento final dos lances?. 

Instruções pelo iPad e perfeccionismo 

  • Gabriel Pirani, meia do sub-17 (16 anos e contrato profissional até 30 de junho de 2021)

?Eles mostram todo o trabalho no iPad, o que querem que seja colocado em prática antes de iniciar. E eles nunca fazem trabalhos repetidos, têm um conteúdo muito grande e diversificado de treinamentos. A comissão técnica é detalhista e perfeccionista, faz questão de todos os envolvidos entenderem a filosofia de jogo e de treino. Tenho evoluído em questões individuais, como a intensidade, reação imediata após a perda de bola, fugir do contato, sempre me movimentar para criar alternativas de jogadas mesmo quando a bola não está comigo, coisas que o Luciano (Santos, técnico da base) também sempre me cobrou. Mas mais do que isso, estou observando sempre que posso o treino da primeira equipe e o que ele cobra dos jogadores mais experientes que atuam na minha posição. Estou entendendo como participar de todas as fases do jogo e acho que estou me tornando um jogador mais completo?.

Calma para ensinar e energia para cobrar

  • Gustavo Cipriano, zagueiro do sub-20 (17 anos e contrato profissional até 30 de abril de 2021)

?Os treinos, comparados com a base, têm estilo mais argentino, mais intenso, pegado e mais próximo do jogo. Não muda tanto, há coisas que fazíamos na base, mas intensidade e pegada muda bastante. O que mais me chamou a atenção foi que ele pede muito para ficarmos com a bola. Ele preserva muito a posse, tanto que qualquer trabalho ele pede para ficar com a bola. Todos! E logo que perder, é para pressionar. Ele chama de perde e pressiona. Tem que recuperar o mais rápido possível. O estilo dele não é muito calmo, mas não é louco e nem nada. Na hora de passar algum conselho ou instrução, é tranquilo. Fala o que quer, explica e depois cobra e aí é um pouco mais duro. Na hora de explicar, é bem calmo e só cobra depois de mostrar direitinho. Evoluí muito nesse período, o passe firme e o passe bom, não é só aquele firme porque vira chute, tem que ser firme,  bom e rápido, não dá para pensar na vida com a bola no pé?.

  • Matheus Guedes, zagueiro do sub-20 (19 anos e contrato profissional até 31 de março de 2019)

?Na base, priorizam mais a parte ofensiva. Sampaoli dá ênfase tanto na organização ofensiva quanto ofensiva. Ele é bastante intenso na hora de cobrar e faz com que o time esteja na mesma intensidade dele. É durão quando tem de cobrar e paciente na hora de instruir. Ele não é muito de conversar, dá ?Bom dia? e já vamos treinar. Entendemos a maioria, outras palavras quebramos a cabeça para entender, mas no final tudo dá certo?.

Posse de bola, ?perde e pressiona? e postura de marcação

  • Lucas Sena, atacante do sub-20 (17 anos e contrato profissional até 14 de maio de 2021)

?Os treinos são muito diferentes, metodologia que não é vista nos clubes do Brasil tanto na marcação quanto na ofensividade. Me chamou atenção a correção de postura do corpo nas linhas de marcação. Isso facilita muito para marcar e dificulta o adversário com a bola. Sinto que evoluí em muitos quesitos, como a postura de marcação, o rompimento das linhas de defesa, a pressão sobre a bola? É uma experiência única aprender tudo isso?.

  • Sandry, volante do sub-20 (16 anos e contrato de formação até 31 de janeiro de 2020)

?Alguns treinamentos são muito diferentes em relação às categorias de base, outros nem tanto. A diferença é a intensidade dos trabalhos. Comigo ele conversou pessoalmente por ter sido relacionado para o jogo contra a Ferroviária, deu conselhos e falou sobre situações de jogo. Não consigo entender tudo o que ele fala, mas a maioria, sim. O conselho principal é ter a posse de bola e buscar a recuperação o mais rápido possível?.

Instruções e espelho dos profissionais

  • Victor Yan, volante do sub-20 (17 anos e contrato profissional até 30 de agosto de 2022)

?Os treinos são diferentes, são mais reduzidos e com bastante posse de bola. Tem muita intensidade, Sampaoli nos cobra muito porque quer tirar o máximo de cada um. É bem gente boa, nos ensina muito e gosta de passar as instruções individualmente. Tenho aprendido muito sobre a reação após perder a bola, o posicionamento e o jogo de posse?.

  • Wagner Leonardo, zagueiro do sub-20 (19 anos e contrato profissional até 30 de junho de 2021)

?Tem sido uma excelente experiência poder aprender e conviver com um grande profissional como o Sampaoli. Tanto ele como sua comissão passam para nós os mesmos ensinamentos que passam para o elenco profissional. O melhor de tudo é poder treinar ao lado de grandes jogadores e de uma excelente comissão técnica que já trabalhou com os melhores jogadores do mundo?.

Gazeta Esportiva

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