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Ex-gestor do Santos explica saída e faz duras críticas a Peres

José Carlos de Oliveira, ex-membro do Comitê de Gestão do Santos, explicou a sua renúncia ao colegiado, anunciada em setembro, em reunião do Conselho Deliberativo na noite desta terça-feira, na Vila Belmiro. O conselheiro trouxe diversos documentos e fez uma cronologia dos fatos até ?não aguentar mais? e pedir a saída do comitê. Foram diversas [?]
22:15 | Nov. 27, 2018
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José Carlos de Oliveira, ex-membro do Comitê de Gestão do Santos, explicou a sua renúncia ao colegiado, anunciada em setembro, em reunião do Conselho Deliberativo na noite desta terça-feira, na Vila Belmiro.

O conselheiro trouxe diversos documentos e fez uma cronologia dos fatos até ?não aguentar mais? e pedir a saída do comitê. Foram diversas críticas ao presidente José Carlos Peres.

?Eu renunciei ao cargo de membro do Comitê de Gestão e a imprensa toda me ligou, conselheiros querendo saber? Eu saí uns 10 ou 15 dias antes da assembleia e não quis fazer comentário, para não dar conotação que eu saia com fins eleitoreiros. Falei que meu lugar de manifestar era no plenário. Tenho que agradecer o presidente Peres pela confiança de me convidar, era um sonho na minha vida e frustrado muito rapidamente. Vamos às razões: começou em 22 de fevereiro, fiz uma cobrança sobre o planejamento estratégico, conforme prevê o estatuto. Que até 30 de junho teria que ser entregue ? e não foi. Não poderia ter orçamento para ano que vem sem planejamento estratégico efetuado. Ordem foi invertida. Precisávamos saber de que formas poderíamos chegar lá. Em 5 de março, foi falado que as demissões tinham acabado. No dia 6, imprensa noticiou a saída de dois fisioterapeutas e uma psicóloga sem aprovação do CG. Dia 4 de abril, negociação por troca de dois jogadores. Inter e Santos. E o presidente afirmava à época, por escrito, e tudo que eu digo aqui não é ilação, tudo que eu disser tenho como provar, com prints e atas. Nada que eu falar há como se contestar. No dia 4 começaram as negociações entre Internacional e Santos. Presidente prometeu a ausência de comissões e disse que avisaria antes. Nesse dia, vários membros do comitê de gestão colocaram na proposta da negociação que somos favoráveis desde que não haja pagamento de comissão. Foi condicionante do CG. No dia 21 de maio, antes de ir para a reunião em São Paulo, eu vou até o departamento jurídico e peço cópias dos contratos do profissional e base. Me deparei com quatro contratos que me chamaram a atenção. Não falarei quem, mas estou com a documentação aqui. Continham cláusulas nocivas e não autorizadas. Comissões, luvas e gatilhos de até 57% durante a vigência do contrato. Eu separei os quatro e na reunião do dia 21 de maio, em SP, apresentei ao CG e foi espanto geral. Vários fizeram duras críticas. Eu disse que me desligaria naquele dia porque não concordava com a administração. A maioria intercedeu e disse que poderíamos trabalhar para isso não voltar a acontecer. Presidente ficou de acionar o jurídico para corrigir os procedimentos. Condicionei ao registro em ata. E a ata sumiu! Só foi entregue no Conselho Deliberativo em outubro e deve ser porque eu comentei com várias pessoas que eu tenho a cópia comigo e pegaria a assinatura de todos para entregar ao presidente. Mas a ata, segundo eu pedi a informação, está no Comitê de Gestão. Na sequência, presidente apresentou a proposta de um fundo de investimento com dinheiro chinês administrado por um ex-CEO da Doyen. Com risco zero para o Santos. Sugeri reunião presencial com membros do fundo. Em 15 de junho, jornais afirmavam que o Jailson era do Santos. Questionei e disse que os investidores negociavam com o Grêmio e explicariam ao comitê de gestão. Sem conhecer as regras do fundo, eu seria contra a operação. Em primeiro de junho, a fatídica reunião do Guarujá. Foi proposta com o objetivo de alinhar o funcionamento do CG que não se entendia e decidir quais atitudes tomar sobre o parecer do Conselho Fiscal. Não foi realizada às escondidas, Peres confirmou participação pelo whatsapp. Pedro Doria não estava e falou estar alinhado com a maioria. Nessa época, ela não foi clandestina porque tínhamos presidente em exercício, Orlando Rollo, na ausência de Peres. Em 15 de junho, reclamei da demissão da advogada Mayti e membros do CG pediram a revogação. Afirmo na frente de todos que o CG não aprovou essa demissão, muito pelo contrário. No dia 19 de junho, amistoso no México. Falei que virava uma novela e precisávamos saber dos detalhes e o propósito da viagem em momento delicado esportivo e político. Faltavam 16 dias e os gestores não sabiam de nada. A partir do dia 29 de junho, com a saída de dois membros do CG, tivemos só reunião após 50 dias, afrontando o estatuto. No dia 14 de agosto, fomos surpreendidos com a nomeação de Fabio Barrozo com a nomeação de intermediário do Santos no exterior, com aprovação apenas do presidente. Em 29 de agosto, analisando contratos me deparei com funcionários do jurídico e cláusulas violinas contra o Santos. Se o clube mandasse embora, tinha que pagar 50% até o fim. E se for embora hoje, não paga um centavo. Funcionário com o clube sem responsabilidade. Em 17 de setembro, um membro do CG perguntou sobre a contratação do Renato como diretor de futebol e disse que seria apenas para o ano que vem. No dia seguinte, tinha entrevista anunciando o Renato. Ele merece todo respeito, mas eu não sabia. Membros do CG foram proibidos de entrar no CT, eu fui barrado três vezes e ainda tive que ouvir que eu dei carteirada para entrar no CT. Se um diretor do clube mostra o crachá e documento e é vetado duas vezes? Presidente numa discussão liberou a entrada. No mesmo modo aconteceu no salão de mármore no dia do bazar. Disseram que eu dei carteirada e não deixaram, falaram para ficar na fila como todos. CG aprovou organograma por unanimidade, sugerido pelo Andres Rueda, mas o presidente implantou o modelo dele, com ele e mais quatro gerências. Para cada contrato efetuado a partir do novo advogado, jurídico passou a fazer ata. Ata de reunião pra contratação de base e profissional, sem haver a reunião. E eu passei a recusar assinar atas porque não participava e não assinaria o que não autorizei. Não participei de nada da contratação do Bryan Ruiz, nem o combinado, e me trouxeram para assinar. Não assinei. Sempre trabalhei em mercado e não gostava de ser surpreendido. Me sentia uma figura decorativa e me incomodava muito. Por isso, mesmo gostando e com sonho de ser diretor, abri mão por não compactuar com forma de administrar. Finalizando, peço desculpas ao presidente Peres por não ter correspondido às expectativas e ter decepcionado. Aos conselheiros, peço que reflitam bastante sobre a proposta do regimento interno do CG. Se esse regimento estivesse em vigor, nada disso teria acontecido?, disse o ex-membro do Comitê de Gestão.

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