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Mito tricolor: Rogério Ceni comanda o Fortaleza até o acesso com amplo domínio na Série B

Treinador foi decisivo desde a montagem até o rendimento da equipe dentro de campo. Técnico conseguiu extrair o melhor de seus jogadores e emplacou um Tricolor dominante na Série B
18:54 | Nov. 03, 2018
Autor Brenno Rebouças
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Brenno Rebouças Repórter
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O tão aguardado acesso à Série B do Brasileiro e o vice-campeonato da terceira divisão nacional eram credenciais suficientes para a manutenção de Antônio Carlos Zago como técnico do Fortaleza no ano de 2018, o do centenário tricolor. Após duas investidas do Juventude, no entanto, ele preferiu retornar ao time gaúcho e deixou vazio o cargo que ocupava.

A partir daí, a diretoria do Leão começou a analisar o mercado para escolher um novo comandante, com foco maior nas características do profissional que no nome dele em si. Pouco tempo depois, uma opção que juntava as duas coisas pisou no Pici por livre e espontânea vontade, no dia 29 de outubro de 2017. Convidado pelo amigo e preparador físico do Fortaleza, Bosco Chaves, Rogério Ceni apareceu no Alcides Santos para um papo e conheceu as instalações do sede tricolor. O interesse do clube foi imediato.

Uma conversa de sondagem da diretoria com o ex-técnico do São Paulo rapidamente se transformou numa obsessão. Quando o interesse em ter Ceni como técnico do centenário já não era mais segredo, o presidente do clube, Marcelo Paz, disse que o Leão não negociava com mais ninguém enquanto o ídolo do tricolor paulista tomasse uma decisão positiva ou negativa quanto ao convite feito. 

No dia 10 de novembro, com um vídeo intitulado “O Mito é do Leão”, Rogério Ceni foi oficializado como técnico do Fortaleza, gerando euforia na torcida, mas também um pouco de desconfiança, já que seria o primeiro trabalho dele fora da realidade da elite do futebol nacional. Os mais céticos se renderam, no entanto, à apresentação do treinador, no dia 15 de novembro. Em plena tarde de quarta-feira, milhares de pessoas foram ao Castelão ver de perto aquela figura que só acompanhavam pela televisão.

Rogério Ceni foi decisivo para a montagem do elenco. Suas ligações seduziram atletas que tinham outras propostas no colo. O prestígio dele compensou o recurso limitado do Tricolor, que conseguiu montar uma equipe competitiva. Quando iniciou os trabalhos, o ex-goleiro quebrou um paradigma e levou o dia a dia do Fortaleza para o centro de treinamento do clube, em Maracanaú, dando vida ao local. Em paralelo, pediu melhorias de estrutura no Pici, prontamente atendidas pela direção do clube.

Pensando grande, especialmente pelo momento do Fortaleza, que se preparava para comemorar 100 anos de fundação, Ceni tratou o acesso para a Série A do Brasileiro sempre em primeiro plano, tanto que não fez cerimônia ao usar o Estadual para testes. Lançou a campo praticamente todas as peças que tinha em mãos no Campeonato Cearense. Experimentou formações e esquemas táticos diferentes. Não ganhou nenhum Clássico-Rei e chegou a ser chamado de “burro” pelo torcedor. A perda do Estadual foi motivo para que os tricolores mais imediatistas pedisse a cabeça do ex-goleiro.

Bancado pela diretoria, Rogério Ceni mostrou a que veio quando a Série B do Brasileiro começou. Um início avassalador na Segundona, com nove partidas consecutivas sem derrota, gerou expectativas positivas na torcida muito cedo. Com um futebol ofensivo e buscando gols durante os 90 minutos, o treinador fez do Leão líder absoluto da competição, com gordura suficiente para enfrentar os dois momentos de crise - em que o time ficou quatro jogos sem vencer - e comemorar o acesso para a Série A de forma antecipada.

Mostrou-se ao longo do ano um técnico protetor, pois sempre agradeceu a entrega do time, mesmo nas derrotas, mas também crítico, principalmente quando reclamou publicamente do gramado do Castelão, inclusive fazendo denúncias de jogos amadores no estádio de Copa do Mundo.

Fundamental para a temporada do Fortaleza e com potencial para fazer um bom trabalho na Série A, Ceni já ouviu da diretoria que o clube deseja renovação, mas não quer negociar antes do fim do contrato vigente. O presidente tricolor, Marcelo paz, adota a mesma estratégia da contratação para a permanência, apostando na paciência.

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