Grandes 10x0 Pequenos: a retomada aprofunda o abismo do Campeonato Cearense
Reinício do Campeonato Cearense, após meses parado em decorrência da crise do novo coronavírus, dá pista sobre que mundo encontraremos no futuroO futebol cearense reiniciou as disputas nesta segunda-feira, 13. Mas, a rigor, mal houve disputa propriamente dita.
Maiores orçamentos com larga margem, primeiros a retomarem atividades, (pretensos) líderes do torneio, Ceará e Fortaleza venceram Barbalha e Guarany de Sobral pela simbólica marca de 10 a 0. Primeiro, na manhã, o Alvinegro não deu qualquer chance para a já eliminada Raposa dos Verdes Canaviais. No fim da tarde, o Tricolor jogou contra uma espécie de time sub-23 que calhou de defender as cores do Cacique do Vale.
O Ceará estreou a retomada já nos treinos. No dia 1º de junho, o primeiro em que era autorizado, começou a treinar, no aguardo do reinício de Estadual e Copa do Nordeste. O Fortaleza não tardou, tendo se reapresentado dois dias depois. Mais de um mês depois, no dia 7 de julho, só quem treinava além dos dois era Atlético-CE e Ferroviário, desde os dias 26 e 27, respectivamente.
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AssineAí fica evidenciada a atual hierarquia do certame. O primeiro patamar, dos times da Série A do Brasileiro. O segundo, com o cearense da Série C e o organizado Atlético-CE. Os demais tentam sobreviver ao fim de um campeonato que já tinha pouco apelo antes mesmo de o mundo parar.
O Barbalha joga com um time ainda acordando da parada e que praticamente só cumpre tabela. O Guarany até ainda vive no torneio, mas dispensou todo o elenco no início do hiato decorrente da pandemia e entra na disputa com o pouco treinado, nada entrosado, combinado de jogadores das categorias de base de Ceará e Fortaleza. A disparidade é nítida. É natural, e os jogadores dos times "pequenos" acabam como efeito colateral do abismo.
O Guarany-S agora enfrenta o eliminadíssimo Barbalha precisando de uma vitória para ir às semifinais, onde vai correr o risco de nova goleada de Ceará ou Fortaleza. O Atlético-CE, que derrotou o Caucaia por 3 a 0 também nesta segunda-feira, precisa vencer o Pacajus para talvez correr o risco de um revés doído nas semifinais. Ambos conquistaram vaga na incerta Série D 2021, cuja edição já deste ano está enrolada num nó que a CBF parece não saber desatar.
A pandemia vislumbrava a possibilidade de um novo normal. Talvez a sociedade magicamente ficasse mais justa. O futebol já dá a primeira (e dura) pista do que vem no futuro: abismos cada vez maiores entre ricos e pobres.
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