Análise: como joga o The Strongest, adversário do Ceará nas oitavas da Copa Sul-Americana

O Esportes O POVO analisou os últimos confrontos da equipe argentina pela Copa Libertadores e pela Liga Boliviana e traçou as principais características táticas do time

O próximo desafio do Ceará na Sul-Americana será diante do The Strongest, quarta-feira, 29, em jogo de ida das oitavas de final da competição. Os bolivianos se classificaram para o torneio após ficarem na terceira colocação do Grupo B da Libertadores. A primeira partida está marcada para iniciar às 19h15min, no estádio Hernando Siles, em La Paz.

Com o trunfo da altitude de mais de 3.600 metros da capital boliviana, o Tigre do técnico argentino Christian Díaz costuma ser bastante ofensivo atuando como mandante e explora com frequência as laterais do campo.

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O Esportes O POVO analisou os últimos confrontos da equipe argentina pela Copa Libertadores e pela Liga Boliviana e traçou as principais características táticas do time.

Sistema tático

The Strongest de Christian Díaz atua, preferencialmente, em um 4-3-3, com um volante no meio-campo e dois meias mais avançados, que jogam próximo do centroavante, Triverio. Nas pontas, Vaca e Esparza atuam bem abertos e costumam trocar de posição com os dois laterais, Wayar, pela direita, e Aponte, pela esquerda, que realizam ultrapassagens frequentemente.

Time base do The Strongest nos últimos jogos pelo Apertura e Libertadores.
Time base do The Strongest nos últimos jogos pelo Apertura e Libertadores. (Foto: Pedro Mairton)

Como atua com apenas um homem recuado no meio-campo, a disposição tática da equipe se assemelha a um 4-1-4-1. Apesar de substituir o volante para colocar outro jogador de meio-campo mais ofensivo no segundo tempo, em caso de precisar buscar o resultado, a disposição tática da equipe não muda e o treinador recua outro meia para realizar a função de cabeça de área, que costumam ser Ursino ou Saucedo.

Saída de bola

A saída de bola do The Strongest é realizada pelos dois zagueiros e os dois laterais criando amplitude pelo lado do campo. À frente, apenas um jogador do meio-campo é responsável para fazer a ligação entre meio-campo e ataque, que em geral é Calleros. Em determinados momentos do jogo, outros atletas do setor, como Ursino ou Saucedo, podem recuar para se posicionar ao lado do companheiro.

A disposição dos jogadores do The Strongest no momento da saída de bola.
A disposição dos jogadores do The Strongest no momento da saída de bola. (Foto: Pedro Mairton)

Calleros, porém, não é acionado pelos defensores enquanto o time troca passes curtos no tiro de meta. O volante serve apenas como uma "isca" para os adversários e é uma peça para preencher o espaço central enquanto a defesa está armando o jogo.

Apesar de Calleros ser uma das linhas de passe para o time, os zagueiros, na maioria das vezes, acionam os laterais, Wayar e Aponte, que imediatamente procuram pelos pontas, Esparza e Vaca, para dar seguimento à fase ofensiva.

Nos jogos fora de casa, porém, dificilmente o time opta por realizar passes curtos e o goleiro Vizcarra efetua o chutão na maior parte das vezes.

Fase ofensiva

Quando The Strongest consegue se postar com todos os homens no campo de ataque, o time adota outra postura tática: o 3-4-3, com Calleros recuando e se posicionado entre os dois zagueiros e liberando os avanços de Wayar e Aponte pelos lados, alinhando-se a Ursino e Saucedo.

The Strongest durante a fase ofensiva.
The Strongest durante a fase ofensiva. (Foto: Pedro Mairton)

A construção de jogo do The Strongest é realizada preferencialmente por meio de bolas longas, lançamentos ou inversões de jogo. Apesar de contar com três homens de meio-campo, o time não tem poder criativo e nem aproximação dos atletas para trocar passes verticais e realizar tabelas pelo centro do campo e explora o ataque pelas laterais ou por bolas longas a partir do campo de defesa.

Com características bastante ofensivas, tanto Wayar quanto Aponte avançam para dar opção de passe para os pontas. Os dois realizam infiltrações tanto abertos, próximos da linha lateral, para realizar a ultrapassagem, quanto mais fechados, próximos da entrada da grande área. Os movimentos são revezados com os atacantes de lado. Além disso, para não desequilibrar o sistema defensivo, quando um lateral sobe, o outro permanece alinhado com os meias e próximo da defesa.

O jogo de passes curtos pelo meio-campo é prejudicado justamente porque os dois meias aproximam-se para dar apoio aos laterais e aos pontas. Quando há passes pelo setor central do campo, na maioria das vezes a região é apenas utilizada como um caminho para a bola chegar às laterais, uma vez que os jogadores do Tigre preferem realizar inversões para acionar os companheiros do outro lado do campo em velocidade, para conquistar superioridade numérica.

Por não ter criatividade jogando pelo centro do campo, a formação dos jogadores no ataque muitas vezes se assemelha a um “O”, sem ter um atleta para preencher e servir como opção de passe mais centralizado. Assim, o time muitas vezes procura espaços tocando neste círculo para inverter o jogo.

Em muitos momentos, os jogadores do The Strongest ficam postados em um formato de círculo, sem que um jogador de meio-campo preencha o espaço demarcado.
Em muitos momentos, os jogadores do The Strongest ficam postados em um formato de círculo, sem que um jogador de meio-campo preencha o espaço demarcado. (Foto: Pedro Mairton)

Mesmo quando a bola está sob posse de Calleros ou de um dos dois zagueiros, eles optam por realizar lançamentos que exploram o centroavante, Triverio. O atacante tem qualidade na bola aérea e é frequentemente acionado para realizar o pivô quando o time está construindo o jogo. O argentino de 33 anos soma quatro gols e quatro assistências em nove partidas pelo The Strongest na Libertadores.

Atacante Enrique Triverio comemora gol no jogo The Strongest x Libertad, no Hernando Siles, pela Copa Libertadores
Atacante Enrique Triverio comemora gol no jogo The Strongest x Libertad, no Hernando Siles, pela Copa Libertadores (Foto: Staff Images / CONMEBOL)

Fase defensiva

Sem a bola, The Strongest se defende em um 4-4-2, com um dos pontas fechando o espaço e o outro auxiliando Triverio para pressionar o portador da bola adversário. Se o adversário estiver atacando pela esquerda, o atacante daquele setor que forma a linha e o companheiro de ataque do lado oposto faz a dupla com o centroavante, e o inverso acontece quando o oponente ataca pelo outro setor lateral.

The Strongest durante a fase defensiva.
The Strongest durante a fase defensiva. (Foto: Pedro Mairton)

Jogando em casa, o time defende em bloco médio-alto, sem avançar tanto as linhas, e costuma deixar os adversários trocarem passes dentro da grande área e conduzirem até um pouco antes do meio-campo antes de realizar uma pressão mais agressiva.

A pressão na saída de bola existe, mas não é tão agressiva e encaixada. Os meias mais avançados não encaixam nos volantes do adversário para sufocar a troca de passes ainda no campo de defesa. Geralmente, somente Triverio e um dos pontas que pressionam o portador da bola ainda no campo de defesa.

Um dos gols do centroavante na Libertadores surgiu após ele pressionar o zagueiro do Libertad em um recuo mal executado pelo oponente. O camisa 11 roubou a bola e só teve o trabalho de driblar o goleiro e finalizar a gol.

Fora de casa, porém, The Strongest reforça a postura defensiva, baixando as linhas para um bloco médio-baixo, para poder absorver a pressão dos adversários e explorar os contra-ataques.

O time permanece se defendendo no 4-4-2, mas a partir do momento que o adversário fura a primeira linha, formada por dois atacantes, um dos pontas que auxiliava o centroavante recua para formar uma linha de 5 no meio-campo à frente da linha de 4 defensiva, realizando um 4-5-1, com o intuito de evitar a progressão do adversário pela região central.

Fora de casa, é comum The Strongest se defender em um 4-5-1 quando o adversário quebra a primeira linha defensiva.
Fora de casa, é comum The Strongest se defender em um 4-5-1 quando o adversário quebra a primeira linha defensiva. (Foto: Pedro Mairton)

E independentemente de jogar como mandante ou visitante, a defesa realiza a marcação mista, com o defensor protegendo primeiro o espaço para depois encaixar no jogador adversário portador da bola, com o intuito de diminuir o espaço de ações do rival.

Esse encaixe, no entanto, as vezes é mal executado, principalmente nas laterais, devido ao atraso tanto do defensor, que realiza a aproximação no adversário, quanto do companheiro, que perde o tempo de qualidade para cobrir o espaço deixado.

Quando atacado pelas laterais, é comum The Strongest, principalmente pelo lado direito da defesa, deixar espaço para a infiltração dos adversários.
Quando atacado pelas laterais, é comum The Strongest, principalmente pelo lado direito da defesa, deixar espaço para a infiltração dos adversários. (Foto: Pedro Mairton)

Transições

Transição ofensiva

Apesar de ter jogadores de lado bastante ofensivos, o contra-ataque do The Strongest não é tão rápido, isso porque há uma demora dos homens de meio-campo em partirem em velocidade junto com os companheiros que atuam nas extremidades. Assim, muitas vezes a equipe precisa retardar o jogo porque a recomposição do adversário chega antes dos demais atletas do Tigre.

Até mesmo quando recupera a bola no centro do campo, as meias costumam passar a bola para os laterais ou os pontas e não se movimentam rapidamente visando infiltrar na defesa adversária desarrumada.

O contra-ataque, no entanto, ainda é uma arma fatal que pode ser explorada contra os adversários na altitude, uma vez que o desgaste durante a recomposição para quem visita o Hernando Siles é ainda maior.

Transição defensiva

The Strongest de Christian Díaz recompõe com muitos homens, a fim de não deixar o oponente ter superioridade numérica no momento do contra-ataque. Em geral, sete ou até oito jogadores voltam para o campo de defesa para auxiliar na transição defensiva.

Apesar de ter uma certa velocidade para realizar a recomposição defensiva, chama a atenção o fato do The Strongest não realizar a pressão pós-perda, mesmo atuando em casa. Ao perder a posse, os atletas apenas voltam para as posições e não há uma marcação agressiva com muitos jogadores para recuperá-la no mesmo instante e reiniciar o ataque ainda no campo de defesa adversário.

Isso acontece principalmente porque o time não flui o jogo pelo meio-campo e os atletas deste setor não jogam aproximados uns dos outros, permitindo que os rivais recuperem a bola e tenham mais espaço para sair de uma eventual pressão proporcionada pelos jogadores do Tigre.

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