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Análise: Apesar do alto investimento, Wescley e Leandro Carvalho ainda não renderam o esperado

Ceará investiu mais de R$ 12 milhões em reforços nesta temporada. Desse dinheiro, R$ 8 milhões foram injetados na contratação dos dois jogadores
09:56 | Nov. 18, 2019
Autor Vinícius França
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Vinícius França Repórter de Esportes do O POVO
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Tipo Notícia

No começo de 2019, o torcedor do Ceará tinha motivos de sobra para estar empolgado com a temporada. Afinal, além de estar em seu segundo ano consecutivo na Série A, o clube também teria o maior orçamento de sua história centenária. Poder financeiro para fazer boas contratações e mudar o patamar do Alvinegro frente ao futebol brasileiro. Porém, 11 meses se passaram e os dois maiores investimentos do Vovô no ano ainda não apresentaram nem metade do que se esperava deles.

O Clássico-Rei do dia 10 de novembro é um recorte fiel dessa tese. No banco de reservas, estavam reunidos quase R$ 8 milhões em apenas dois jogadores: Leandro Carvalho e Wescley. Ambos foram suplentes na derrota por 1 a 0 para o Fortaleza. Entraram no segundo tempo, mas passaram longe de ter uma atuação que justificasse o dinheiro desembolsado com suas contratações no início do ano.

Antes de desembarcarem em Porangabuçu, ambos os atletas já acumulavam passagens pelo Alvinegro. Wescley já havia atuado em 2015, 2016 e 2018. Leandro Carvalho jogou em 2017, quando conquistou o acesso à Série A, e também em 2018. Portanto, já eram velhos conhecidos da torcida, que ficou, em boa parte, empolgada com os possíveis retornos. Eles já haviam feito boas apresentações pelo clube, sendo decisivos principalmente na campanha da permanência na elite do futebol brasileiro, na temporada passada.

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Para contar com os jogadores, o Ceará não poupou nenhum esforço financeiro. Em Leandro Carvalho, o investimento foi de R$ 3,6 milhões para contratá-lo junto ao Botafogo, então dono dos direitos do atleta. Quando desembarcou no aeroporto, o atacante foi recebido nos braços da torcida e tratou de retribuir o carinho: o número da sua camisa, 82, é uma alusão ao ano de fundação da Cearamor, maior organizada do Vovô.

Com Wescley, o clube desembolsou ainda mais dinheiro: cerca de R$ 4,3 milhões para tirá-lo do Vissel Kobe, clube da primeira divisão do Japão, concretizando a contratação mais cara não só de sua história, mas de todo o futebol cearense. Passou o tempo e, com a temporada já chegando ao fim, os custos-benefícios passam longe do esperado.

Gosto amargo

Em 2019, Leandro Carvalho fez 32 jogos e marcou apenas 5 gols. Para efeito de comparação, só no Brasileirão de 2018 o atacante fez os mesmos 5 gols. Neste ano, só foi desencantar em abril, na semifinal do Campeonato Cearense, contra o Floresta.

Na competição nacional, não dá para deixar de dizer que o camisa 82 não foi decisivo em alguns momentos, como na vitória por 2 a 0 contra o Palmeiras e no empate em 2 a 2 sobre o Corinthians, quando marcou um gol olímpico, além da assistência na virada por 2 a 1 sobre o Bahia, em Salvador. Porém, o desempenho ainda é bem abaixo do esperado. Em alguns jogos fora de casa, inclusive, o jogador sequer foi relacionado.

O desempenho atual contrasta demais com a importância que o jogador teve na última temporada. Na campanha da permanência em 2018, o Ceará tinha dificuldades para marcar quando Leandro não atuava. Dos cinco gols do atacante naquele Brasileirão, três garantiram a vitória em jogos difíceis, contra Fluminense, Flamengo e Atlético-MG. Pontos primordiais para que o Vovô não terminasse o ano rebaixado para a Segundona.

Nesta Série A, Leandro Carvalho entrou em campo 23 vezes, saindo do banco em dez oportunidades. Com o atual técnico Adílson Batista, só jogou quatro vezes. Na derrota frustrante para a Chapecoense por 1 a 0 na Arena Condá no domingo, 17, nem dá para dizer que o atacante teve uma parcela de culpa. Ele sequer viajou com o elenco para Santa Catarina. O reforço de R$ 3,6 milhões ficou fora por opção técnica.

Saiu caro

O caso de Wescley é um pouco mais delicado. O meia já tinha um histórico de problemas com lesões, e no Ceará não foi diferente. Ele machucou o músculo posterior da coxa direita no começo da temporada e só foi estrear em março, contra o Atlético-CE. Saiu do banco em todos os seus sete jogos seguintes até ser titular pela primeira vez na derrota por 2 a 0 para o Náutico, nas quartas de final da Copa do Nordeste, quando se machucou novamente.

Com o joelho lesionado, o meia só voltaria em julho, já no Brasileirão. Neste altura do campeonato, Wescley jogou 13 partidas, sendo titular em apenas duas. A minutagem do jogador é baixíssima: em média, passa apenas 26 minutos em campo. Nas 21 rodadas desde que estreou nesta Série A, contra o Internacional, ainda não contribuiu com nenhum gol nem uma assistência.

O jogador mais caro da história do futebol cearense também acumula outros números indigestos. Em todo o campeonato, o camisa 27 finalizou três vezes, com apenas duas tentativas indo a caminho do gol. Wescley também tem uma média de só 0,3 dribles certos por partida e 1,6 duelos ganhos, além de perder a posse de bola quase cinco vezes por jogo. Um desempenho que passa muito longe do esperado tendo em vista o tamanho do investimento para trazê-lo do Japão.

Em 2018, Wescley também jogou poucas vezes. No Brasileirão, foram apenas 11 partidas, ficando de fora de praticamente todo o segundo turno também por conta de lesões. Naquela campanha, fez três gols. Um deles foi bastante decisivo: o tento sobre o Athletico-PR na Arena da Baixada praticamente confirmou a permanência do Ceará na primeira divisão.

Apesar de ainda passarem longe de terem rendido o esperado, Leandro Carvalho e Wescley ainda têm mais cinco jogos na temporada para mostrarem a que vieram. Atualmente, o Ceará está em situação difícil no Brasileirão, com apenas um ponto de vantagem para zona de rebaixamento. O Alvinegro enfrenta adversários da parte de cima da tabela na sequência da competição, e o talento individual e o poder de decisão de seus jogadores pode ser essencial para fugir da degola.

Caso os dois reforços mais caros do futebol cearense cresçam neste momento em que a Série A se afunila cada vez mais, talvez o investimento de quase R$ 8 milhões não tenha sido tão em vão quanto hoje parece ter sido.

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