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ESPECIALISTA | Psiquiatra clínico e do esporte destaca que para além dos benefícios físicos, o paradesporto auxilia quebra do isolamento social decorrente de uma deficiência
01:30 | Out. 04, 2019
Autor O POVO
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A limitação mais difícil de ser encara por uma pessoa com deficiência pode estar dentro da cabeça dele. A aceitação de si mesmo nem sempre é processo fácil, principalmente para aqueles que adquirem a deficiência. Embora prejudicial, tal sentimento precisa ser respeitado e compreendido.

É o que defende o psiquiatra clínico e do esporte Hélio Fádel. Ele explica que cada indivíduo tem seus mecanismos de enfrentamento e experiências de vida que dão norte à reação das pessoas para com o acontecimento que gera deficiência. "Não cabe a ninguém julgar como o outro se sente. Uma mesma coisa que possa parecer simples para você, é difícil para mim, e vice-versa", exemplifica.

Fádel destaca que a sociedade ainda é bastante apegada a aparência física e rótulos de "perfeição". Neste caso, os indivíduos com limitações físicas podem desenvolver sentimentos e pensamentos negativos sobre si. "Sentem-se piores que os outros, deslocadas ou 'sem lugar' na sociedade, pouco úteis, um 'estorvo' na vida dos familiares e tendem a se isolar do meio social".

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É justamente neste ponto que o esporte se apresenta como uma ferramenta eficaz. Além de promover a competitividade, que está diretamente ligada à autoestima — já que a pessoa com deficiência passa a reconhecer os próprios esforços, valorizar as capacidades que possui e confiar mais em si mesmo —, também otimiza a força muscular, aspectos como velocidade, tempo de reação, equilíbrio, coordenação e motricidade, além de melhorar a saúde cardiovascular.

"A atividade física ou esporte estimula a liberação de substâncias como endorfina, dopamina e serotonina (ligadas às sensações de bem-estar e prazer). Assim, considerando o aspecto psicológico, promove sensações prazerosas, estimula a pessoa a transpor seus limites, buscar recursos internos para as adversidades e ser criativa para conseguir um determinado objetivo, mesmo com suas limitações", explica o psiquiatra do esporte.

A prática esportiva também interfere no ambiente. Paratletas ajudam a população a entender a quantidade de virtudes que pessoas com limitações físicas podem ter. Portanto, a socialização por meio do esporte para pessoas com deficiência é via de mão dupla (do indivíduo para com a sociedade e da sociedade para com o indivíduo).

Decidir pela atividade física, entretanto, nem sempre é tão simples e direto. Para os que não se motivam somente pelo esporte, a medicina pode ajudar. Co-autor do livro "Psiquiatria do Esporte", feito em parceria com o médico norte-americano David McDuff, Hélio Fádel diz que profissionais da área devem "atuar em prol da máxima reestruturação humana do indivíduo". Apesar de poder medicar, o especialista no assunto defende a interferência mínima de fármacos neste processo.

"O psiquiatra não deve ficar circunscrito apenas na farmacologia. Ele deve ser um incentivador de pessoas, uma ferramenta que sirva de auxílio para o indivíduo fortalecer seu ego, buscar novas perspectivas, encontrar suas potencialidades e seguir adiante", diz.

Fádel defende que o trabalho do psiquiatra seja feito em conjunto com o da psicologia. "Não há remédio que seja mais eficaz que a própria reestruturação da pessoa. As mudanças mais legítimas e sustentáveis são aquelas que vêm de dentro", explica.

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