Coronavírus surgiu em laboratório? Saiba o que os novos indícios apontam

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu na última quarta-feira, 26, que "fossem redobrados os esforços" dos serviços de inteligência para conseguir identificar como o vírus causador da Covid-19 surgiu

Desde que o novo coronavírus foi identificado no mundo, há pouco mais de um ano, várias teorias foram criadas para buscar entender o surgimento do agente patogênico. Talvez, a mais famosa delas seja a de que o vírus foi feito em um laboratório da China — onde os primeiros casos da infecção surgiram. Embora considerada como "conspiratória" e classificada como "extremamente improvável" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a distante possibilidade foi reforçada nos Estados Unidos durante esta semana.

Isso porque o presidente do país, Joe Biden, pediu na última quarta-feira, 26, que "fossem redobrados os esforços" dos serviços de inteligência para conseguir identificar como o vírus causador da Covid-19 surgiu. Em meio ao pedido do democrata, conforme informações da BBC News, está uma solicitação de que seja investigada a possibilidade de o patogênico ter sido fabricado em um laboratório da cidade chinesa Wuhan.

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O pedido foi feito logo após o presidente dos EUA ter recebido, recentemente, um relatório sobre o caso, solicitado assim que assumiu o mandato. Ele considerou o documento como "inconclusivo".  Biden não teria se sentido satisfeito com as informações apuradas, que buscaram investigar se o vírus veio realmente do contato humano com um animal ou se ele surgiu dentro de um equipamento científico, possivelmente como um acidente.

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Biden também demostrou interesse em realizar uma "parceria internacional" para que a teoria fosse investigada. O democrata afirmou publicamente que a capital Washington irá trabalhar com organizações de outros países para exercer uma pressão sobre a China, fazendo com que o país aceitasse participar de um processo investigativo "transparente" e realizado com dados resultantes de evidências. 

Como resposta ao posicionamento do presidente dos EUA, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, acusou o democrata de estar utilizando a pandemia para fins políticos e chamou a atitude de "irresponsável" e "desrespeitosa". O representante também aproveitou o momento para destacar que não existe estudo científico que revele onde o vírus pandêmico surgiu

Quais são os indícios do surgimento do coronavírus?

Não é de hoje que os EUA demostram suspeitas quanto à possibilidade de o vírus ter sido criado em laboratório. O pedido de Biden apenas deu dado fôlego à questão. Foi, na verdade, o ex-presidente do país, Donald Trump, quem começou a fazer especulações sobre o caso, ainda em 2020.

No mês de abril daquele ano, quando grande parte do mundo vivia a primeira onda da doença pandêmica, um relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos revelou uma preocupação da embaixada quanto à "biossegurança em Wuhan". O fato inflamou a hipótese que já estava sendo discutida popularmente — parte disso porque a China negou que a cidade recebesse investigação internacional.

Contudo, o país chinês permitiu, no inicio deste ano, que pesquisadores da OMS fossem à região para investigar suspeitas, em parceria com cientistas chineses. O trabalho em equipe resultou em um relatório que apontava como "extremamente improvável" o surgimento do vírus em um laboratório, mas não conseguiram descobrir e definir por quais motivos o patogênico surgiu.

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Meses depois, um grupo de cientistas que atuam em universidades como Harvard, Yale, Stanford e Cambridge, ainda conforme a BBC News, manifestou em uma publicação da revista Science dúvidas acerca da missão da China com a OMS. Os pesquisadores solicitaram então uma nova investigação sobre o caso

Na última semana, o veículo The Wall Street Journal publicou novas informações retiradas de relatórios de fontes de inteligência. Uma delas foi a descoberta de que um trio de pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan foi internado em um hospital semanas antes de os primeiros casos serem identificados na China. O laboratório fica próximo ao mercado de Wuhan, onde as primeiras infecções foram descobertas. Isso levou os cientistas a pensarem que o vírus poderia ter saído do instituto e contaminado pessoas no local comercial.

Outra questão revelada pelo jornal é o fato de que, em 2012, seis trabalhadores foram escalados para limpar fezes de morcego em uma mina em Yunnan e adoeceram logo em seguida. Três deles morreram. Foram os especialistas do Instituto de Virologia de Wuhan que investigaram presencialmente o local, identificando várias amostras de coronavírus no mesmo.

Hipótese ganha força

Muitos pesquisadores rejeitam a hipótese de que o vírus foi disseminado por meio de um laboratório, apontando que o coronavírus infecta humanos a partir do contato com animais, como o morcego por exemplo. Ainda não há informações científicas, no entanto, que mostrem de qual animal esse novo vírus teria surgido. Assim como não há provas de que ele foi "criado" ou "liberado acidentalmente" por ação humana.

Em entrevista à rede CNBC, Scott Gottlieb, ex-chefe da agência norte-americana de medicamentos FDA, destacou que a hipótese de contágio por meio de contato animal era a que mais fazia sentido. No entanto, o americano frisou que essas novas descobertas só inflaram ainda mais a hipótese de que o patogênico saiu de um laboratório, conforme informações da revista IstoÉ.

Anthony Fauci, imunologista e conselheiro da Casa Branca, afirmou também nesta semana que o surgimento do vírus tem mais probabilidade de ser um evento natural, mas destacou que não há uma "resposta 100% segura quanto a isso". Os novos indícios fizeram ainda com que o Facebook anunciasse que não iria mais apagar mensagens que afirmam que o vírus veio de um laboratório. 

Embora os EUA tenham se mostrado empenhados em "desvendar" essa questão, o mais importante tem sido frear o avanço do vírus. Isso porque, em pouco mais de um ano, cerca de 3,4 milhões de pessoas morreram em decorrência da doença no mundo; são mais de 456 mil dos mortes em decorrência da doença somente no Brasil.

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