Médico relata rotina exaustiva e fila de ambulâncias em plantão superlotado

Com lotação em Upas, encaminhamentos geram lotação na emergência do Hospital Geral de Fortaleza. Situação se agravou na última semana.

Relato postado nas redes sociais retrata o drama enfrentado nos hospitais do Estado com o aumento de atendimentos de pacientes com Covid-19. Em vídeo, Victor Queiroz, residente de gastroenterologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), fala sobre a superlotação na emergência da unidade no plantão noturno na última sexta-feira, 5. Nas imagens, é possível ver pelo menos cinco ambulâncias em uma das entradas do hospital. Ele fala sobre a sobrecarga de trabalho dos profissionais desde o início da pandemia e a ampliação da unidade para atender ao aumento de internações, principalmente de pacientes precisando de suporte de oxigênio. 

Ele explica que o "termômetro" do HGF é muito relacionado às Unidades de Pronto Atendimento (Upas). Há cerca de uma semana, a quantidade de encaminhamentos aumentou de forma significativa, gerando lotação e fila de ambulâncias na emergência. "Juntou as duas demandas, a espontânea, dos pacientes que vêm de casa, além da demanda da regulação, que são os pacientes que estavam nas Upas em outros municípios. Somado a isso, os pacientes que já estavam internados", detalhou ao O POVO

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A partir do aumento da demanda da emergência Covid-19, novas alas foram abertas no hospital. "A gente vê um esforço muito grande da coordenação", diz. "A realidade é essa. Plantão das 19h até as 7h sem parar, 7 ambulâncias com pacientes entubados ou com máscara de reservatório aguardando ponto de oxigênio na emergência e sem cilindros. Acreditem, tá muito pior que a primeira onda!", alertou o médico em vídeo publicado no sábado, 7. Ele explica que não houve falta de oxigênio na unidade. Segundo Victor, contudo, foi preciso fazer remanejamento de pacientes para outros setores do hospital a fim de receber os que estavam nas ambulâncias do Samu.

Pontos de oxigênio 

O médico detalha que os hospitais possuem um reservatório, onde são dispostos grandes cilindros de oxigênio. Por meio de tubulação, o gás é distribuído para as áreas do hospital. "Cada área tem os pontos de oxigênio, que é onde a gente coloca a mangueira para colocar a máscara, o catéter, onde a gente liga o ventilador. E a gente não tinha ponto de O2. Tem oxigênio no hospital. A gente não tinha mais onde conectar o suporte que o paciente estava usando na tubulação", acrescenta.

O residente destaca que os pacientes que esperavam atendimento entraram no hospital e não sofreram nenhuma intercorrência. "Depois que a gente conseguiu transferir os pacientes para outro setor do hospital, todos os pacientes da ambulância chegaram a entrar. Porque a gente conseguiu desocupar os pontos de O2", diz.

Ele relata que os profissionais da saúde têm suportado carga emocional muito pesada desde o primeiro pico da pandemia na Capital. "Os plantões Covid-19 são de pacientes muito graves, que têm muita intercorrência. Na UTI Covid, geralmente os gestores colocam plantonistas a mais. No primeiro pico, a gente foi muito sobrecarregado e agora também. Tem muita escala em aberto porque o pessoal tá muito cansado", conta.

Conforme dados do IntegraSUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), no sábado, 6, a unidade hospitalar tinha 26 leitos de UTI e 113 leitos de enfermaria para atendimento Covid-19. Ambos com 100% de ocupação.

De acordo com a assessoria do HGF, "a situação do oxigênio no hospital sempre esteve regular e segue com estoque garantido". "Na noite da última sexta-feira, 5, o hospital abriu mais 20 leitos para a Central da Regulação do Estado. As ambulâncias trouxeram pacientes que foram rapidamente acolhidos na unidade e estão em tratamento", explica nota enviada pela assessoria de comunicação do HGF.

Entre segunda, 8, e esta terça-feira, 9, o HGF abriu mais uma ala com 37 leitos de enfermaria para atendimento a pacientes com Covid-19 e uma nova unidade de UTI com 20 leitos. Com a ampliação, conforme o IntegraSUS, nesta terça, 29 das 46 UTIs estão ocupadas (63,04%) e 142 das 149 enfermarias estão preenchidas (95,3%).

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