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Vacina da BCG será estudada como meio de combate à Covid-19 pela Fiocruz

Estudo será realizado nas cidades de Campo Grande (MS) e no Rio de Janeiro com três mil voluntários
18:18 | Out. 19, 2020
Autor Alan Magno
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Alan Magno Estagiário de jornalismo
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Tipo Notícia

A vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) será a parte central de um novo estudo científico que busca encontrar uma forma segura de combater a Covid-19, causada pelo novo coronavírus. O estudo nomeado Brace Trial Brasil (BTB) será gerenciado pela Fundação Oswald Cruz (Fiocruz) e teve início nesta segunda-feira, 19, com o recrutamento de voluntários.

A pesquisa será conduzida em parceria com a faculdade de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) que irá recrutar cerca de três mil pessoas para compor a pesquisa. Os testes clínicos serão realizados nas cidades Campo Grande (MS), com dois mil voluntários e no Rio de Janeiro, com mil pessoas. A candidatura será feita virtualmente por meio de um formulário online disponibilizado pela UFMS e pela Fiocruz

Poderão se candidatar como voluntários para a pesquisa, pessoas com mais de 18 anos, de ambos os sexos, desde que sejam profissionais da área da saúde e que ainda não tenham contraído a nova doença. Outro requisito para os voluntários é não estar participando de outro estudo clínico como os testes para os protótipos das vacinas de Oxford e da China para Covid-19 que estão sendo testadas no Brasil.

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O ESTUDO

Considerado um ensaio clínico de fase III, a pesquisa busca avaliar se a vacinação ou revacinação com BCG pode reduzir o grau as chances de infecção ou mesmo a intensidade dos sintomas da Covid-19. O público alvo da pesquisa são profissionais de saúde por estes estarem mais expostos ao vírus por conta de seu contato direto com pessoas infectadas.

A pesquisa brasileira integra um conjunto de ações semelhantes feitas internacionalmente. Ao todo irão participar, além dos três mil brasileiros, sete mil pessoas dentre voluntários da Austrália, Reino Unido, Espanha e Holanda.

Todos os voluntários serão vacinados novamente com a BCG e monitorados por até um ano, com três ligações semanais para verificar se a vacinação gerou algum impacto nas taxas de infecção do grupo selecionado pelo coronavírus causador da Covid-19.

Além disso, antes de receber a vacina, todos serão submetidos a uma série de entrevistas e testagem sorológica para o novo vírus. Caso os voluntários apresentem algum sintoma relacionado a nova doença, eles poderão fazer a coleta do swab nasal para avaliar a presença de Sars-Cov-2. Além disso, retornos trimestrais serão agendados para verificar, por meio da sorologia, a presença de possíveis infecções assintomáticas.

O projeto é coordenado a nível mundial pelo pesquisador australiano Nigel Curtis, do Murdoch Children’s Research Institute, e financiado pela Fundação Bill e Melinda (Gates Foundation). Em nível nacional conta com parceria da Caixa de Assistência dos Servidores do Mato Grosso do Sul (Cassems) e da Secretaria Estadual de Saúde. No Brasil, a pesquisa será coordenada pelo médico infectologista e pesquisador da Fundação e da UFMS, Julio Croda.


A BCG NO COMBATE A COVID-19

A vacina da BCG, segundo informações da Fiocruz, é umas das principais vacinas utilizadas no mundo, sendo aplicada anualmente em cerca de 120 milhões de recém-nascidos.

Além de prevenir as formas graves de tuberculose na infância, a vacina também pode gerar resposta imune protetora inespecífica contra outras infecções. Ou seja, a vacinação da BCG acaba estimulando o organismo vacinado a produzir anticorpos neutros que são capazes de atuar contra outros tipos de infecções.

Segundo a Fiocruz, uma pesquisa semelhante foi feita na Grécia pelo centro de pesquisa Activate antes da pandemia de coronavírus e expressou uma redução de 79% de infecções respiratórias após um ano de acompanhamento. Outra ação semelhante na África do Sul mostrou que a vacina da BCG foi responsável por reduzir em 73% as infecções no nariz, na garganta e nos pulmões no grupo de análise.


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