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Em 5 meses, Covid-19 foi responsável por 200.000 mortes diretas e indiretas em 20 países

Inglaterra e País de Gales, bem como Espanha, parecem ser as nações mais afetadas, com um aumento de 37% a 38% na mortalidade em relação aos níveis esperados na ausência de uma pandemia
10:04 | Out. 14, 2020
Autor AFP
Tipo Notícia

A primeira onda da pandemia de Covid-19 foi responsável, em média, por 20% mais mortes, direta e indiretamente, que os números oficiais de 20 países ocidentais, normalmente observados em um mesmo período em anos anteriores - aponta um estudo publicado nesta quarta-feira (14).

 

Dezenove nações europeias, Austrália e Nova Zelândia registraram um total de "cerca de 206.000 mortes a mais do que o esperado, se a pandemia de Covid-19 não tivesse ocorrido" entre meados de fevereiro e o final de maio, informa este estudo de modelagem matemática, publicado na revista Nature Medicine.

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Apenas 167.000 óbitos foram, porém, oficialmente atribuídos à Covid-19. A diferença, em torno de 40 mil mortes, pode ser atribuída à doença de duas formas. Diretamente, quando no início da epidemia os hospitais lotados não podiam testar sistematicamente todos os seus pacientes. E indiretamente, com falecimentos por outras causas, que a sobrecarga dos serviços de saúde não conseguiu evitar.

 

Inglaterra e País de Gales, bem como Espanha, parecem ser as nações mais afetadas, com um aumento de 37% a 38% na mortalidade em relação aos níveis esperados na ausência de uma pandemia - contra um aumento de 18%, em média, em todos os países analisados.

 

Seguem Itália, Escócia e Bélgica, enquanto França ocupa a 8ª posição, com um aumento relativo de óbitos de 13%.

 

Um grupo de dez países, incluindo Austrália, Nova Zelândia, Hungria e Noruega, conseguiu "evitar um aumento perceptível nas mortes".

 

A doença causada pelo vírus Sars-Cov-2 causou diretamente mais de um milhão de mortes em todo mundo, de acordo com balanços oficiais.

 

Também resultou em mortes indiretas, devido aos seus efeitos sociais e econômicos e à desorganização dos sistemas de saúde, como queda na renda, atraso de diagnóstico, adiamento de cirurgias, diminuição da atividade física, maior número de suicídios e violência doméstica.

 

Já a diminuição do tráfego rodoviário, ou a melhoria da qualidade do ar durante o confinamento podem ter evitado mortes que teriam ocorrido sem a pandemia.

 

Conhecer esses efeitos indiretos é "necessário para entender o real impacto da pandemia em termos de saúde pública", explicam os pesquisadores da Imperial College de Londres.

 

"Este número (206.000) é semelhante ao número total de mortes por câncer de pulmão e é mais do que o dobro daquelas relacionadas ao diabetes, ou câncer de mama, nesses países durante um ano inteiro", ressaltou o Instituto Nacional de Estudos Demográficos (INED), associado ao estudo.

 

Os pesquisadores usaram dados de mortalidade desde 2010 nos países estudados, para estabelecer quantas mortes normalmente teriam no período de meados de fevereiro a maio de 2020, se a pandemia não tivesse ocorrido.

 

Eles então compararam esses números com o total de mortes registradas durante esse período, por todas as causas, para deduzir o excesso de mortalidade atribuível à Covid-19.

 

De acordo com um estudo publicado na segunda-feira no Journal of the American Medical Association (Jama), para cada dois americanos, cuja morte foi atribuída à Covid-19, um terceiro também morreu direta (ou indiretamente) como resultado da pandemia.

 

 

De acordo com os autores, as diferenças entre os países "refletem variações nas características da população, políticas, resposta à pandemia e preparação dos sistemas de saúde pública".

 

Para minimizar o impacto da pandemia, estabelecer ferramentas para orientar corretamente os pacientes e cuidar dos portadores de doenças crônicas é tão importante quanto lutar contra a transmissão do vírus, argumentam.

 

"Os países que implementaram campanhas de testes eficazes e abrangentes e o rastreamento de contatos, ou aqueles (...) que implementaram medidas de confinamento precoces e eficazes, tiveram um número menor de mortes durante a primeira onda", observa Jonathan Pearson-Stuttard, coautor do estudo, baseado na Escola de Saúde Pública da Imperial College.

 

"À medida que entramos na segunda onda, os programas de teste e de rastreamento e o suporte para pessoas que precisam se isolar representam nossa alavanca mais importante para minimizar o impacto da pandemia", acrescenta ele.

 


 

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