Participamos do

Estudo sugere que resfriados comuns podem gerar resposta imunológica ao novo coronavírus

O estudo buscou analisar a influência de resfriados comuns causados por outras tipos de coronavírus na criação de defesas contra a Covid-19
09:16 | Ago. 07, 2020
Autor Alan Magno
Foto do autor
Alan Magno Estagiário de jornalismo
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

Um estudo científico publicado na revista Science, um dos periódicos científicos mais prestigiados mundialmente, analisou a resposta dos sistemas imunológicos estimulados com um protótipo de vacina de RNA contra o vírus Sars-Cov-2, causador da Covid-19. Segundo a pesquisa, foram encontradas evidências de que pessoas que já tiveram resfriados comuns causados por outros tipos de coronavírus apresentam maiores respostas do próprio organismo no combate à Covid-19, mesmo sem ter contraído a nova doença.

LEIA TAMBÉM | Instituto Butantan diz que vacina contra o coronavírus pode ficar pronta para registro em outubro

A relação entre um resfriado comum causado por qualquer outro vírus do gênero coronavírus e uma possível imunização contra a Covid-19 ocorreria por conta de células de defesa T. Essas células guardam informações a longo prazo de agentes invasores que o organismo enfrentou anteriormente.

Hipótese

Ainda que o Sars-Cov-2, responsável pela Covid-19, seja um tipo novo de coronavírus, ele age de forma semelhante aos que já existiam antes da pandemia e, por serem menos agressivos, causavam apenas resfriados comuns.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

O estudo aponta que essas infecções mais simples fizeram com que as pessoas criassem uma “imunidade de memória” por meio das células T. Essas células reconhecem a forma que um determinado grupo de vírus, bactéria ou outro invasor age durante uma infecção e cria mecanismos de combate.

Ainda que com intensidades diferentes, todos os tipos de infecção do grupo dos coronavírus utilizam uma proteína chamada de “Spike” (S) para invadir as células, detalha o estudo. Sendo assim, ao entrar em contato com a Covid-19, os organismos que já tiveram contato com outras infecções causas por tipos comuns de coronavírus, estariam ativando a imunidade de memória e assim conseguindo produzir defesas ou reagir mais rapidamente à nova doença.

Com testes feitos em ratos e primatas, os pesquisadores destacam que houve respostas “robustas” de células T ao entrarem em contato com mais de 100 partes do RNA, material responsável pela replicação do Sars-Cov-2 no organismo. As células de imunidade de memória estariam conseguindo produzir proteínas capazes de dissolver a usada pelo vírus para se ligar às células e infectá-las.

O estudo foi conduzido por pesquisadores de três universidades dos Estados Unidos e uma da Austrália. Na pesquisa, eles analisaram amostras de sangue de pacientes coletadas no início de 2019, antes do surgimento do novo vírus. Os pesquisadores encontraram e isolaram células T relacionadas a resfriados causados por outros tipos de coronavírus, e constataram que elas também atuavam contra o causador da Covid-19.

A estimativa do estudo é de que 20% a 50% das pessoas que apresentam essa memória imunológica contra os vírus do tipo coronavírus teriam mecanismos de proteção contra a Covid-19, mesmo sem ter tido contato com ele anteriormente. Apesar dos resultados promissores, os pesquisadores ressaltam que o estudo levanta apenas hipóteses e que são necessárias outras pesquisas para entender melhor o papel das células T no combate à Covid-19.

Ainda segundo a pesquisa, mesmo que seja comprovada a eficácia da imunidade de memória, ela iria garantir uma proteção apenas parcial à Covid-19, e não a imunização total. As pessoas, mesmo com as células T, ainda iriam apresentar sintomas leves e/ou moderados da nova doença.


Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar