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UFC está entre as instituições ibero-americanas que mais produzem pesquisas sobre a Covid-19

Classificação feita pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) contabilizou, até então, 22 produções acadêmicas com pesquisadores da universidade cearense
12:43 | Jul. 22, 2020
Autor Marília Freitas
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Marília Freitas Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

A Universidade Federal do Ceará (UFC) está entre as instituições ibero-americanas que mais têm produzindo conteúdos acadêmicos sobre a Covid-19. O levantamento da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) contabilizou até a manhã de hoje, 22, um total de 22 pesquisas e artigos publicados pela universidade sobre a pandemia. A região Ibero-Americana compreende nações onde o português ou o espanhol são as línguas predominantes.

A OEI observou três bancos de dados para organizar as produções sobre a pandemia, uma delas foi plataforma PubMed - banco de dados que, desde 1966, reúne trabalhos acadêmicos de cerca de 4.800 revistas científicas de mais de 70 países do mundo. Lá inclusive, o Brasil se destaca e lidera o ranking de países ibérico-americanos e produções sobre o novo coronavírus. De um total de 1.501 investigações, o País produziu 849 pesquisas até hoje, 22, catalogadas. Na sequência, vem o México com 234 pesquisas e a Colômbia com 159 estudos.

Os artigos das plataformas podem ser firmados por pesquisadores de instituições públicas ou particulares que, em parceria, produzem o conteúdo. Na classificação ibérico-americana, a UFC é a única cearense com mais pesquisas e a segunda colocada entre as universidades da região nordeste também presentes no ranking. Dentre elas, estão a Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) com 31 pesquisas, a UFC com 22 produções e em seguida a Universidade Federal da Bahia (UFBA) com 19 estudos publicados. O conteúdo reúne análises sobre diversas áreas do novo coronavírus, como o conhecimento do viral aos detalhes na forma de prevenção e de tratamento da Covid-19.

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As outras duas fontes complementares do observatório são os documentos de acesso aberto coletados na Rede Federada de Repositórios Institucionais de Publicações Científicas (LA Referência) e um conjunto de notas divulgadas pelo escritório de Ciências para a América Latina da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Pesquisas cearenses abordam diversos fatores influenciados pela Covid-19

As 22 pesquisas da UFC contabilizadas até então pela OEI trazem situações cotidianas da saúde com a pandemia. Dentre os temas estudados, estão os desafios da prática da medicina sexual, a saúde mental dos profissionais de saúde, as considerações clínicas para diabéticos, os estudos de caso de pacientes e sobre o espectro do autismo - essa última, inclusive, produzida em parceria com a Universidade Estadual do Ceará (Uece).

A primeira produção acadêmica da UFC registrada na plataforma foi no dia 18 de abril de 2020 e questionou a exposição potencial de pessoas em situação de rua à Covid-19. Realizada em parceria com pesquisadores da Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro do Norte e da Universidade Federal do Cariri (UFCA), o estudo concluiu que a população pode ser uma das mais afetadas pelo novo coronavírus.

"Os sem-teto têm menos acesso a prestadores de serviços de saúde que, de outra forma, poderiam solicitar testes de diagnóstico e, se confirmados, isolá-los de outros em coordenação com os departamentos de saúde locais", concluíram os pesquisadores através do artigo.

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Outra pesquisa da universidade estudou evidências sobre os efeitos da infecção da Covid-19 durante a gravidez e o prognóstico neonatal. Publicada no último dia 18 de junho, consistiu em uma revisão sistemática avaliando artigos publicados nas bases de dados mais abrangentes no campo da saúde, com o objetivo de responder à pergunta: "Quais são os efeitos da infecção por Covid-19 durante a gravidez e qual é o prognóstico neonatal?"

Os pesquisadores avaliaram 49 trabalhos publicados em 2020 e avaliaram os casos de 755 gestantes e 598 crianças, incluindo cesáreas. Um total de 493 delas foram testadas para Covid-19 e apenas nove tiveram resultado positivo para a doença. "No entanto, não há evidências de transmissão vertical com base no que foi avaliado até o momento, considerando que existem lacunas no que diz respeito aos cuidados prestados durante e após o parto, além da falta de amostras biológicas adequadas para o teste de SARS-CoV-2".

Dentre as conclusões do estudo, estão o monitoramento de mulheres grávidas e a testagem antes do parto ou do primeiro contato com os recém-nascidos. "Não podemos descartar o potencial agravamento das condições clínicas de gestantes infectadas com SARS-CoV-2, independentemente de a infecção estar associada a outras comorbidades", relataram os pesquisadores.

A professora do Departamento de Enfermagem da UFC, Ana Fátima Carvalho, é uma das envolvidas no estudo. Ela conta ao O POVO que o trabalho como pesquisadora "triplicou" durante a pandemia devido às aulas remotas e as demandas por pesquisas de um assunto tão novo quanto a Covid-19. A pesquisadora participa de outras duas pesquisas em andamento sobre a pandemia e também realizadas pela UFC.

No entanto, considera positiva a complementação de bolsas oferecidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para pesquisas na área da Covid-19, apesar dos problemas de financiamento já recorrentes em universidades federais. "Eu 'vivo' em pesquisa e fomos surpreendidos com os editais. Problemas de financiamento a gente sempre teve, mas com auxílio ou sem auxílio, o pesquisador ainda é um pesquisador", diz.

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As pesquisas acadêmicas têm um teor social e possibilita melhorias para a sociedade, considera Fátima. "Nós como pesquisadores temos que orientar a volta da vida 'normal' com restrições. Sejam os nossos objetos de pesquisa mulheres grávidas ou qualquer outro tema".

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