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Redução do isolamento social: 42% dos fortalezenses ficaram em casa na última semana

Especialistas apontam que a flexibilização do Plano de Retomada Econômica trouxe mudanças no índice. No entanto, também houve redução no fluxo de trânsito em Fortaleza durante o período
14:07 | Jul. 07, 2020
Autor Marília Freitas
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Marília Freitas Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

Fortaleza ainda passa por redução nos números de isolamento social no Estado. De acordo com as plataformas FarolCovid e Inloco - que analisam os dados da doença por municípios e estados -, a Capital registrou média de 42% das pessoas em casa na última semana, do dia 29 de junho ao dia 5 de julho. Apesar da tendência de estabilidade, o número é considerado baixo.

O maior índice do intervalo foi registrado no domingo, 5, com 49% de isolamento no município. Já o menor foi na sexta-feira, 3, com 40%. Os dias 29 e 30 de junho e o dia 4 de julho tiveram o mesmo percentual: 42%. Já os dia 1º e 2 de julho tiveram registro de 41% das pessoas em casa. O índice é parecido com o registrado em todo o Ceará durante o mesmo período - nesse, o número de isolamento variou entre 39,8% e 48,4%.

A tendência é avaliada como negativa para Lúcia Duarte, coordenadora do Grupo de Trabalhos da Universidade Estadual do Ceará (Uece) contra a Covid-19. Na linha de frente, a especialista ressalta sobre a necessidade do isolamento social. "Acredito que não deveria ter acontecido a flexibilização nesse momento ainda. Tanto que estamos vendo o retrocesso no plano. Algo aconteceu para isso ocorrer", discorre e cita a recuada na abertura de setores econômicos da Cidade, como barracas de praia e restaurantes até as 23 horas.

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Lúcia pressupõe que o recuo do Governo pode ter sido influenciado por mudanças na taxa de internação e no número de óbitos. Mesmo com a redução dos índices, eles ainda acontecem na Capital e podem novamente influenciar no Plano. Durante live no último domingo, 5, o secretário executivo de Planejamento do Estado (Seplag), Flávio Ataliba, afirmou que um “pequeno aumento” nos indicadores da Covid-19 nos últimos dias apontava para a necessidade de desaceleração do ritmo de reabertura das atividades econômicas.

"É uma tendência própria do ser: se lhe é dado mais liberdade, você a usa. No entanto, estão extrapolando-a muitas vezes. Foi feita a flexibilização, mas ninguém falou que poderia sair de casa sem a máscara", exemplifica. "É como se houvesse uma banalização. Ou pensam que a pandemia acabou ou acabou uma valorização da vida", lamenta.

Taxa prevista

 

Mas para o epidemiologista da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luciano Pamplona, a taxa está dentro do previsível. "Sabíamos que com o início da flexibilização era esperado o aumento, e o encontramos de forma muito discreta ainda", diz. 

O desafio da pandemia no Ceará, segundo o médico, é o monitoramento individual dos casos. Com cada paciente sendo observado, é possível realizar um mapeamento da transmissão e, assim, identificar outros prováveis casos confirmados e suspeitos e realizar um bloqueio deles.

"O que tem que permanecer de forma muito clara é a importância do uso de máscara na população. Nesse momento de transição em que não temos um antiviral eficiente e uma vacina, o uso do equipamento e a higienização é algo que deve ser mantido por bastante tempo", menciona.

Trânsito em Fortaleza durante o período

 

A Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) aponta para uma redução do fluxo de trânsito na Capital durante a semana que antecedeu a 3ª Fase do Plano na Capital. Para estabelecer uma média de movimentação nas vias antes da pandemia e comparar com dados da última semana, a pasta considerou um fluxo de 100% no período "normal",  contabilizando os dias úteis entre janeiro a março de 2020. As porcentagens indicadas abaixo são referentes à essa média elaborada pelo órgão.

Calculados pelo Controle de Tráfego em Área de Fortaleza (CTAFOR), os números da redução - quando relacionados com a média estabelecida - variaram entre 14% e 46%. O maior nível de deslocamento na Cidade foi no domingo, 5, com 46%. Um dia antes, no sábado, esse total foi 24% menor.   

"A taxa de isolamento é baixa em Fortaleza e costuma melhorar no fim de semana, como em qualquer lugar", diz Lúcia ao explicar que o fim de semana já é conhecido como um momento em que as pessoas já têm o costume de ficar em casa. Os dias 29 e 30 de junho registraram o mesmo índice de redução: 22%. Já os dias 1º e 2 de julho alternaram entre os 18% e 19%. 

Apesar da redução em todos os dias, a sexta-feira do dia 3 de julho foi a que apresentou a maior diferença da semana: 14% - que comparado ao fluxo normal estimado pela AMC, foi o dia em que mais teve veículos locomovendo-se em Fortaleza.

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