Avanço da retomada econômica na Capital depende de análise de dados desta semana, diz secretária
Aglomerações após a abertura de shoppings preocupam gestão municipal; análise dos indicadores epidemiológicos guiará decisão do prefeito e do governador
O avanço para a próxima fase da retomada econômica na Capital depende da análise de dados que serão obtidos sobre a evolução da doença nesta semana. A informação foi divulgada pela titular da Secretária Municipal da Saúde, Joana Maciel, em sessão da Câmara Municipal desta quinta-feira, 18.
A secretária argumenta que a pasta fez a mesma análise para progredir da fase de transição para a fase 1, que teve início no dia 8 deste mês. Joana garantiu que o período de transição do plano de retomada econômica, correspondente à primeira semana de junho, não foi capaz de aumentar o número de casos, o que permitiu que a Prefeitura avançasse na reabertura da economia.
A gestão do Município reconhece as aglomerações que aconteceram com a abertura de shoppings e comércios de rua — motivo de preocupação para um possível aumento do número de casos. “É importante observar o resto da segunda semana da fase 1 para dar segurança ao governador e ao prefeito para essa mudança de fase”, disse a secretária, que considera para a avaliação o período médio de incubação da doença de três a cinco dias.
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AssineNo dia 8 de junho, correspondente ao primeiro dia da fase 1, a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) registrou 44 pontos de aglomeração na Capital. De acordo com balanço do órgão, no Centro, cerca de 300 pessoas foram abordadas e quatro estabelecimentos comerciais da região que funcionavam fora do horário permitido foram fechados.
Nos dias seguintes, O POVO seguiu acompanhando o registro de aglomerações na Capital. Houve até a ocorrência de festas particulares com cerca de 50 pessoas nos bairros Vila Velha e Centro, além de motoristas trafegando irregularmente em carros com paredão de som, nas dunas do Parque Municipal da Sabiaguaba.
Apesar da retomada de 18 setores da indústria, serviços e comércio, o Ceará segue sob vigência de medidas de isolamento social, por meio de decreto estadual. Isso significa que aglomerações seguem proibidas e o uso de máscara para sair de casa ainda é obrigatório. “Estamos em uma fase de flexibilização, mas seguimos em isolamento”, reforçou a secretária.
Equipamentos adquiridos continuarão na rede hospitalar após pandemia
A secretária Joana Maciel ressaltou que os equipamentos adquiridos para a ampliação dos leitos de UTI durante a pandemia serão remanejados para a rede hospitalar do município. Ela explicou que antes da crise de saúde já havia a necessidade de compra de novos equipamentos, antecipada devido à Covid-19. O Instituto Doutor José Frota (IJF 2), por exemplo, era uma das unidades que demandaria equipamentos novos.
Porém, A titular da pasta da Saúde municipal criticou a falta de financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela disse que parte considerável do investimento vem da esfera municipal e não das instâncias estadual e federal. Joana afirma que município emprega cerca de 30% da verba do tesouro municipal para gastos em saúde — o dobro do que é estabelecido pela Constituição Federal. "Ele (o SUS) é universal, mas esqueceram do financiamento", analisou.
Em especial do O POVO sobre o SUS na Capital em abril de 2018, o doutor em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP), Paulo Capel, criticou o valor destinado à Saúde pelo País, quando comparado com cifras empregadas por outros nações. “Divirjo dos que consideram que há recursos e que essas dificuldades seriam decorrentes de má gestão e incompetência. Não são. Faltam recursos para financiar minimamente o nosso sistema público”, apontou o especialista.