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UFC desenvolve novo teste para diagnosticar Covid-19

Desenvolvedores preparam teste para ser mais rápido, prático e simples que métodos já utilizados. O projeto tem apoio do Lacen-CE, e está em busca de financiamento para realização e testes mais complexos que comprovem sua eficácia
14:39 | Jun. 16, 2020
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Com o intuito de oferecer uma alternativa mais rápida e prática aos testes que já existem, pesquisadores da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da USP, em Ribeirão Preto (SP), trabalharam juntos para criar uma nova forma de testagem. Os estudos estão sendo realizados, principalmente, no Instituto de Biomedicina no Semiárido Brasileiro (INCT), que tem vínculo com a Faculdade de Medicina da UFC (Famed), e avaliações clínicas serão realizadas com a participação de pesquisadores do Hospital São José das Doenças Infecciosas e Laboratório Central, vinculadas à Secretaria de Saúde do Ceará.

O Professor Alexandre Havt Bindá, que está atuando como pesquisador no desenvolvimento do teste, explica que estão há cerca de um mês tentando efetivar o projeto. “É um teste baseado em uma tecnologia japonesa, muito mais utilizado no Oriente e está começando a chegar agora no Oriente. O teste em que nos baseamos também utiliza um diagnóstico molecular, para diagnosticar o DNA ou o RNA do vírus ou bactéria. O teste que preparamos, diferente deste, pode usar somente amostras biológicas, como saliva, para testar.” Ele explica que, no momento, procuram financiamento para apoiar o projeto.

Atualmente, dois tipos de teste são realizados: o que segue a metodologia RT-qPCR e o sorológico. O primeiro detecta fragmentos moleculares do material genético do novo coronavírus (SARS-CoV-2), que só pode ser realizado em laboratório sofisticados, e demora, na prática, alguns dias para demonstrar resultados. O segundo detecta o “rastro” deixado pelo vírus identificando a presença de anticorpos produzidos após a infecção, como uma “cicatriz” química, porém, por identificar os anticorpos, só daria um resultado positivo se quem fez o teste estiver contaminado há vários dias, não sendo tão eficaz em um início de infecção, podendo gerar um risco de contaminação a outras pessoas e agravamento da situação de uma pessoa má diagnosticada.

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a técnica desenvolvida pelos pesquisadores brasileiros busca a presença de fragmentos do material genético do coronavírus, gerando um resultado específico. A técnica é rápida, oferecendo um resultado confiável em cerca de uma hora. Diferente da técnica RT-qPCR, esta técnica não necessita de vários ciclos alternados de temperatura, nem equipamentos especiais. A leitura também pode ser feita a olho nu, em um tubo de ensaio. A técnica RT-qPCR precisa de um software específico para realizar a testagem.

Conduzido pelo Professor Alexandre Havt Bindá, de Bioquímica Médica, o teste revela uma cor amarelada ao entrar em contato com fragmentos do SARS-CoV-2, enquanto uma amostra sem vírus apresenta uma coloração rosada. O resultado também foi feito pela técnica RT-qPCR, que mostrou o mesmo resultando, comprovando a eficácia do teste.

Alexandre explica que, para realizar a testagem, é preciso colocar os chamados primers, específicos para a doença. A coloração modifica, porque, no teste, a enzima realiza a amplificação do RNA do Covid-19, e, ao passo que vai acontecendo, a enzima precipita um componente chamado pirofosfato de magnésio, e essa precipitação faz com que a solução tenha um PH mais ácido, que adquire a cor amarela ao identificar a presença do vírus.

O professor Alexandre Havt Bindá explica que se o teste for financiado para ser produzido em larga escala, poderá oferecer ao serviço de saúde pública do Ceará um método rápido, simples e acessível para fazer o diagnóstico do paciente. Outras doenças endêmicas também podem ser identificadas por meio do teste, como afirma o pesquisador. “Estamos, no momento, fazendo o teste para o Covid-19, por conta da pandemia. Mas o teste não é específico para o novo coronavírus.” Ele explica que a finalidade do teste dependerá dos insumos que colocarmos na testagem, para descobrir a presença de determinada bactéria, ou vírus. “O nosso intuito é desenvolver a tecnologia para diagnosticar também outras doenças, dependendo do que estivermos trabalhando.”

Ele conta que o teste, além de ser mais barato, traz a possibilidade de tratamento mais rápido, e evita a transmissão do vírus, aumentando a eficácia do isolamento social. Ele explica que mesmo com as primeiras evidências dando bons resultados, é preciso realizar outras testagens, que assegurem o sucesso do teste.

Para outras etapas do desenvolvimento do novo teste, ele afirma que é necessário investimento e apoio de agências de fomento, como a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O professor esclareceu que o projeto já foi apresentado para a Funcap, para o Ministério de Ciência e Tecnologia em Brasília, e estão agora com o projeto encaminhado para realizar uma maior avaliação.

Além de Alexandre, participam da equipe o Professor Aldo Lima, os docentes Armenio Santos, Pedro Magalhães, Marcellus Souza, Miguel Souza e Roberto da Justa. Da USP, colabora o Professor Eurico Arruda Neto, virologista especialista em coronavírus, do Lacen, as farmacêuticas Liana Perdigão, Vânia Viana e Karene Cavalvante e do Hospital S. José, participam o Dr. Érico Arruda e Dra. Melissa Medeiros.

 

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