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Covid-19: risco de contágio pode ser maior em shoppings, se não houver colaboração da sociedade, alertam especialistas

A flexibilização só pode ocorrer de forma segura se o setor comercial e a população estiverem trabalhando de forma conjunta, com a proposta de diminuir a mobilização de pessoas na Cidade
18:04 | Jun. 11, 2020
Autor Ismia Kariny
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Ismia Kariny Estagiária O POVO online
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Tipo Notícia

Shoppings de Fortaleza voltaram a funcionar na primeira fase do Plano Responsável de Abertura das Atividades Econômicas e Comportamentais, que entrou em vigor na última segunda-feira, 8. A medida surge como forma de reduzir os impactos econômicos decorrentes da pandemia do novo coronavírus, mas ainda suscita debates sobre possibilidade de aumento dos casos da Covid-19.

Embora a taxa de ocupação dos leitos tenha diminuído em Fortaleza, e o Estado esteja caminhando para uma situação mais estável, a tendência é que o número de pessoas infectadas venha a aumentar. Conforme noticiado pelo O POVO, especialistas do portal Covid-19 Brasil avaliaram que o número de casos e óbitos por Covid-19 poderia vir a aumentar em 150% nas cidades que, na última semana, promovessem o afrouxamento das medidas de isolamento social. Na mesma semana, Fortaleza deu início a retomada do comércio.

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Conforme o epidemiologista Marcelo Gurgel, a capital cearense encontra-se em cenário mais favorável para a flexibilização, visto que a Cidade apresenta uma curva em desaceleração, com menor demanda sobre as unidades de saúde. “A capacidade de resposta a assistência médica está melhor, e a pressão do atendimento caiu. [Em Fortaleza] o vírus pode estar caminhando para o processo em que muita gente já está infectada e adquiriu resistência”, sustenta.

Dessa forma, diferentemente de outros estados e municípios do interior do Ceará, o epidemiologista Marcelo considera que é possível realizar uma abertura controlada do comércio. Mas a flexibilização só pode ocorrer de forma segura se o setor comercial e a população estiverem trabalhando de forma conjunta, com a proposta de diminuir a mobilização de pessoas na cidade.

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O epidemiologista Luciano Pamplona pontua que, ao mesmo tempo em que o governador Camilo Santana decretou a flexibilização do comércio em Fortaleza, ele apertou as medidas de isolamento em outros municípios da Região Metropolitana e Interior. “A ideia é tratar diferente aqueles municípios que são diferentes. Principalmente para a gente não precisar isolar o Estado todo e colocar em uma situação econômica difícil os municípios que não estão em crise”, destaca.

Para o epidemiologista, o cenário ideal para a flexibilização não existe diante de uma pandemia. Quando as autoridades públicas definem um plano de reabertura do comércio, o risco do aumento no número de infectados é considerado nessa avaliação. Entretanto, as atividades econômicas são retomadas para ajudar a diminuir os impactos sobre a economia. “Quando o governo flexibiliza, há o entendimento de que vai haver o aumento no número de casos, só que esse aumento tem que ser do tamanho que ele possa atender, para que as pessoas não morram por falta de atendimento”, esclarece Luciano.

Exposição ao contágio com a Covid-19 está presente em qualquer lugar, mas ambientes fechados favorecem o cenário de risco. A reabertura dos shoppings em Fortaleza coincide com a semana do Dia dos Namorados, data que aquece o setor comercial, quando os casais vão às compras em busca de produtos para presentear seus pares. Em datas “puramente comerciais” durante a pandemia, o epidemiologista Marcelo Gurgel destaca que é importante que a população recorra a outros meios para realizar suas compras. A ideia é evitar o ajuntamento de pessoas nos estabelecimentos físicos.

“Quem puder preservar seus amores, que adote essa prática e recorra às compras online, até porque o comércio está preparado para isso. A maior parte da transmissão entre pessoas é por contato direto, com seus pertences, tosse, ou o espirro que lança os agentes [de infecção] mais distantes”, explica Marcelo.

Segundo o epidemiologista, ambientes como shoppings não apresentam riscos maiores para a população, desde que as medidas sanitárias e cumprimento do isolamento social permaneçam. Em um ambiente que as filas sejam demarcadas, e os critérios de higienização e aferição da temperatura sejam seguidos, o risco de contágio é minimizado. Conforme o epidemiologista, transportes públicos como o ônibus seriam exemplos de ambientes com maior risco, se o controle da aglomeração não for observado.

Essa exposição pode ser minimizada, especialmente quando os clientes se atentam para o uso de equipamentos de proteção individual e seguem as orientações para não tocar no rosto e para manter as mãos limpas. “O grande desafio por trás dessas mensagens que as pessoas não percebem, é que ela pode estar de máscaras, colocar a mão na maçaneta e depois coçar o olho. A gente está pegando no vírus através dessas superfícies e está levando para o rosto”, detalha. Também para evitar o contágio, Luciano lembra que o Estado permanece em quarentena, e por isso a população só deve sair de casa para os serviços essenciais.

Conforme Luciano, Fortaleza está em um momento de diminuição importante da circulação do vírus no município de Fortaleza, e isso ainda permite que haja movimento de pessoas. Mas o risco ainda existe, considerando que não há tratamento e vacina específica para a Covid-19. “A principal coisa é diminuir o contato entre pessoa que não precisam ter contato, e fiscalizar se os clientes e profissionais estão usando equipamentos, garantindo que não haja aglomeração; esse é o papel fundamental dos shoppings, porque sem fiscalização a flexibilização não funciona”, finaliza.

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