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Filho de mulher que teve corpo trocado por engano critica postura do hospital; unidade ressalta que ofertou ajuda

Unidade de saúde onde ocorreu o incidente afirmou que a contestação é infundada e que prestou a devida assistência aos envolvidos

Os corpos de duas mulheres que morreram por Covid-19 no Hospital Fernandes Távora, em Fortaleza, foram trocados no último fim de semana. A unidade atribuiu o erro ao agente funerário da empresa contratada pela família de uma das vítimas e afirmou ter prestado o devido auxílio para desfazer a troca, além de destacar as dificuldades para o reconhecimento dos corpos de vítimas do novo coronavírus. O filho de uma das mulheres contesta as informações do hospital e afirma que não recebeu o apoio necessário diante da situação, que abalou todos os familiares. 

No domingo, 7, o filho de Maria Miriam Farias foi ao hospital em busca do corpo da mãe, mas chegando lá constatou que ele não estava no necrotério da unidade. De acordo com Emerson Farias, foram 12 horas até que o corpo da mãe fosse localizado no município de Santa Quitéria, a 222 km de Fortaleza. “O hospital em nenhum momento nos deu um suporte de informações”, afirma Emerson. Ele relatou que a situação o deixou desesperado. “Toda família está bastante abalada com todo ocorrido. Estamos a base de remédios calmantes”, completou.

O filho de Maria Miriam Farias disse ainda que não recebeu nenhum suporte do hospital durante a tentativa de reconhecer o corpo da sua mãe tanto no Hospital Fernandes Távora, na Capital, quanto em Santa Quitéria, após exumação.  “Não teve nenhum pedido de desculpas, nenhuma retratação, nada. Isso era o mínimo”, acrescentou Emerson. Ele afirma ainda que deverá acionar a Justiça. “Minha mãe estava internada lá com vida. Ela morreu e o corpo estava no hospital. A responsabilidade é toda deles”, frisou.

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O diretor da unidade hospitalar, Luiz Fernando Porto, explicou que o erro sobre o reconhecimento dos corpos foi de uma agente funerário, que teria retirado o corpo de Maria Miriam no lugar do de outra mulher, que teria como destino para o enterro o município de Santa Quitéria. O gestor destaca por causa do risco de contaminação, o necrotério da unidade para pacientes com Covid-19 segue regras diferenciadas.  A entrada de pessoas é limitada, os agentes precisam entrar totalmente paramentados, com trajes especiais, e o reconhecimento precisa ser rápido.

Ele pontuou que talvez tais circunstâncias estejam afetando diretamente o reconhecimento dos corpos. “As pessoas não estão podendo se despedir adequadamente de seus entes, os caixões saem lacrado, é um negócio muito atípico e passível de erro, como ocorreu com o agente funerário”, justificou Luiz. Ele ressalta, entretanto, que a unidade foi responsável pelo pagamento da viagem de Emerson Farias até Santa Quitéria para reconhecer o corpo da mãe e pelo traslado funerário para Caucaia, onde fica o túmulo da família.      

"Eu lhe asseguro que fizemos tudo que estava a nosso alcance para resolver essa questão de forma célere e da maneira menos dolorosa possível para as famílias", afirma Luiz Fernando Porto. O diretor ressalta que o erro não foi do hospital, mas "motivado pelo equívoco de terceiros". Ele disse ainda que a unidade reforçará o sistema de segurança da unidade, inclusive com avaliação de instalação de câmeras dentro do necrotério. E enfatizou que os protocolos sanitários, como a exigência da presença de apenas uma pessoa por vez no necrotério, favoreceram o equívoco. O hospital, no entanto, seguirá apuração junto à funerária para investigar as causas do episódio.

>> Corpo de vítima da Covid-19 é trocado por engano e levado para o Interior do Estado 

 

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