Ceará tem aumento na taxa de contágio, mas Covid-19 ainda está na faixa de controle; entenda
Monitoramento trabalha com estimativas e marcou para o último dia 31 de maio taxa de contágio de 1,46 — ou seja, a cada 10 pessoas doentes, outras 14 têm a probabilidade de ser contaminadas pelo novo coronavírus. No entanto, especialista avalia que medidas rígidas aplicadas anteriormente possibilitaram o início da flexibilização no CearáMonitoramento da Covid-19 Analytics, organizado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), mostra que o Ceará vem tendo aumento no número efetivo de reprodução da Covid-19 — mais conhecido como a taxa de contágio da doença no Estado. Em estimativa para o dia 31 de maio, o número marcou 1,46 — ou seja, a cada 10 pessoas doentes, outras 14 têm a probabilidade de serem contaminadas pelo novo coronavírus. O modelo faz previsões de curto prazo para casos e mortes da Covid-19 no Brasil, com dados do Ministério da Saúde.
Apesar da queda registrada anteriormente, o aumento repentino da probabilidade no modelo não é novidade e já estava previsto devido a fatores como a alteração na metodologia da pesquisa e a massificação de testagens no Ceará no último dia 30 de maio. Os números analisados criam estimativas para sete dias posteriores ao último resultado calculado, no último dia 31 de maio. O pulo dos mais de 7 mil casos confirmados da doença no último fim de semana também influenciam o número.
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Marcelo Fernandes, pesquisador envolvido no modelo da universidade, explica que mais importante do que analisar o índice, é analisar a tendência de crescimento ou de queda da taxa defasada. Até última atualização calculada pelos pesquisadores no último dia 25 de maio, o número estava em 1,04.
Apesar da estabilidade da taxa, o estudo mostra que a previsão da taxa do contágio foi de 1,46 para o último dia 31 de maio. O número ainda precisa ser atualizado com o cálculo real. A mudança no índice depende da aplicação ou não de medidas rígidas de isolamento social, como o lockdown, instaurado em Fortaleza no dia 8 de maio. No gráfico, é possível perceber contínua queda da circulação do vírus no Estado a partir desse dia. “É inevitável que, com a retomada de algumas atividades econômicas, o número suba. Obviamente existem medidas que podem ser tomadas que não possam aumentar. A medida de distribuição de máscaras, por exemplo, funciona”, afirma.
O epidemiologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luciano Pamplona, também avalia o aumento dos casos como esperado principalmente após a flexibilização da quarentena com o plano de retomada gradual da economia, iniciado ontem, 1º. A ideia é que o lockdown e outras medidas rígidas aplicadas anteriormente ajudaram a achatar a curva de atendimento na rede pública e, assim, possibilitou uma flexibilização posterior por parte do Estado.
Luciano acredita que foram avaliados três pontos pelo Governo para o início da flexibilização: os números de casos novos da doença no Ceará, a taxa de ocupação de leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e os números de óbitos por Covid-19. Com o achatamento da curva, devido ao lockdown e medidas mais rígidas como o uso obrigatório de máscaras na Capital, agora será possível atender os casos sem o colapso da rede pública.
"Teoricamente, esse aumento é esperado, pois há contato entre mais pessoas e, assim, mais pessoas com casos novos da doença. Mas a ideia é que a ocupação dos leitos diminuiu ao ponto de que eu posso liberar as pessoas para trabalhar. O que não podemos ter é um aumento no número de óbitos", explica.
A previsão é que, se os índices de saúde responderem bem à reabertura, a cada 14 dias deve existir uma nova fase de reabertura gradual da economia, com alterações a depender dos índices da doença no Ceará. "É esperado aumentar os casos e internação, mas não podemos voltar aos índices de quase 90% e deve-se ter condição de atender as pessoas que vão adoecer. O mais importante é deixar claro que é apenas o início da flexibilização e não o fim da quarentena", explana Luciano.