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Pelo menos oito estados não devem aderir a uso generalizado de cloroquina

Estados do Nordeste se posicionam contra o novo protocolo
12:12 | Mai. 21, 2020
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O novo protocolo do Ministério da Saúde que recomenda prescrição médica de cloroquina já nos primeiros sinais de infecção por Covid-19 não deve ser atendido em alguns estados brasileiros. Pelo menos oito estados não devem aderir ao uso generalizado, incluindo São Paulo, Bahia, Pará e Rio Grande do Sul. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O Governo Federal divulgou a liberação do uso de cloroquina nessa quarta-feira, 20. O general Eduardo Pazuello, que assumiu interinamente o Ministério da Saúde após a demissão dos médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich na pasta, assinou o documento. Para parte dos governadores e autoridades sanitárias estaduais, ainda falta comprovação científica de que a cloroquina seja de fato eficaz contra a Covid-19. Há também efeitos colaterais associados ao medicamento.

No mesmo dia do anúncio, o diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou que cloroquina e hidroxicloroquina não foram identificadas como eficazes para o tratamento da Covid-19. Mandetta chegou a afirmar que a ampliação do uso da cloroquina pode provocar mortes em casa. Para a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), é "precoce" o uso do medicamento no tratamento contra a doença.

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Com o novo protocolo, os médicos da rede pública podem receitar cloroquina quando o paciente apresentar coriza, tosse e dor de cabeça, sintomas iniciais. É necessário que o paciente assine um termo em que consente o risco "por livre iniciativa". Conforme o protocolo, o médico deve alertar as possibilidade de "disfunção grave de órgãos" e morte.

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O que dizem os estados

Governador de São Paulo, estado que já registrou mais de 69 mil diagnósticos e 5 mil mortes por Covid-19, João Doria (PSDB) disparou: "Nós não faremos a distribuição e nem aplicação generalizada da cloroquina, porque a ciência não recomenda. A ciência não orienta este procedimento e em São Paulo nós seguimos a ciência".

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também se posicionou contra o protocolo. "Quem tem de tomar a decisão é o profissional de saúde", declarou. "Não há evidência suficiente para que a cloroquina tenha administração irrestrita, pelo contrário: são feito muitos alertas sobre possíveis efeitos colaterais graves".

No Nordeste não foi diferente. Governador da Bahia, Rui Costa (PT) declarou ao jornal O Estado de S.Paulo: "Não será adotado. Os médicos junto com seus pacientes e familiares definem o protocolo de atendimento. Na Bahia receita médica não é definida por ideologia ou pelos políticos".

Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, disse em nota que "não há certeza científica em nível internacional ou nacional". "Lamentamos que dois ministros da saúde tenham sido demitidos e tanto tempo tenha sido perdido apenas para Bolsonaro esconder a sua grave omissão quanto ao real combate ao coronavírus. Não é ele, nem qualquer governador, quem manda na conduta médica em cada caso concreto".

Em Pernambuco, o governador Paulo Câmara (PSB) afirmou que "recebe com preocupação as novas orientações do Ministério da Saúde". Na Paraíba, o secretário da Saúde Geraldo Medeiros afirmou que "não há nenhuma modificação" em como o estado se posiciona a respeito, destacando que não há "evidências científicas comprovadas" dos benefícios da cloroquina.

No Norte, o governo de Helder Barbalho (MDB), no Pará, declara que "qualquer medicamento deve ser prescrito pelo médico ao paciente" e que não mudará o próprio protocolo. O estado foi um dos primeiros a decretar lockdown. O secretário de Saúde do Mato Grosso do Sul, Geraldo Resende, chegou a dizer que "o uso da cloroquina é reservada à decisão do médico em relação à aplicação".

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