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Sindicato alerta para o risco de infecção de motoristas pelo novo coronavírus

Segundo o diretor executivo do Sintro, Tobias Brandão, um motoristas morreu dia 4 de maio e o laudo para o teste positivo para o novo coronavírus saiu somente 14 dias depois. Sindiônibus diz que tem tomado medidas de prevenção
14:20 | Mai. 20, 2020
Autor Angélica Feitosa
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Tipo Notícia

Pelo menos um motorista de ônibus de Fortaleza morreu em decorrência da Covid-19, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro). De acordo com Tobias Brandão, diretor-executivo do Sintro, o funcionário morreu dia 4 de maio e o laudo com o teste positivo para o novo coronavírus saiu 14 dias depois. O Sintro não tem o número de outros trabalhadores infectados pela doença. Como pessoas que realizam trabalhos essenciais, os motoristas acabam tendo contato com pessoas infectadas pela doença. Somente 30% dos ônibus estão em circulação na Capital.

“Nós trabalhamos na linha de frente e isso tem de ser socialmente exposto. Todos os motoristas têm jornadas de sete ou oito horas de trabalho, com chance muito maior de serem contaminados porque acabam transportando as pessoas doentes e aqueles que trabalham nos hospitais”, aponta Brandão. A cobrança do sindicato é para que as empresas de transporte forneçam os equipamentos de proteção individual (EPI) e para que haja também um banheiro com água e sabão no fim da linha. 

O Sintro já fez doação de máscara, álcool gel e sabão líquido para os colaboradores e, de acordo com Brandão, no final das linhas dos bairros do José Walter e do Parque Dois Irmãos, e na praça do Coração de Jesus, no Centro, os motoristas não têm acesso a banheiros. “Tem que ficar mendigando em algum comércio ou alguma casa para usar o banheiro e lavar as mãos”, diz.

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A revista Época publicou, na edição desta semana, que quatro estados brasileiros apresentaram casos de óbitos de condutores de ônibus pelo novo coronavírus. Em São Paulo, segundo o último levantamento do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviários Urbano, até o dia 8 de maio, 122 casos confirmados da doença entre funcionários foram contabilizados, além de 514 serem considerados suspeitos, totalizando 30 mortes (oito confirmadas e 22 suspeitas). Já o Rio de Janeiro tem 28 mortes de motoristas pela Covid-19 confirmadas e o estado de Pernambuco, seis óbitos. O Ceará apresenta um caso de morte confirmada pela doença.

Protocolo de segurança

As empresas de ônibus seguem o protocolo da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), de acordo com o gerente de operações do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), João Luís Maciel. “No primeiro momento, houve a recomendação de higienizar as mãos e as empresas disponibilizaram a estrutura de lavatório das garagens, com água e sabão. Houve também a distribuição de garrafas com álcool”, avisa ele. Nesse momento, ainda não havia, no Estado, o decreto para o uso de máscaras.

Os ônibus circulam com janelas abertas na Grande Fortaleza para diminuir a possibilidade de transmissão do coronavírus. Segundo Maciel, as empresas seguiram o protocolo da Sesa e, após a recomendação da obrigatoriedade do uso de máscaras, cada uma delas tomou a iniciativa de compra e distribuição dos materiais. “Algumas das empresas se anteciparam e distribuíram as máscaras mesmo antes do decreto”, informa ele.

E foi nesse momento, segundo aponta Maciel, que o Sintro distribuiu as máscaras. “Reconheço a ação deles. Mas todas as empresas providenciaram e todos os motoristas receberam”, diz. A circulação dos veículos também foi reduzida para 40% e 30% da frota, a depender do horário. Nos terminais de ônibus, existe a recomendação de ir, em cada ônibus, somente 10 passageiros em pé.

“Temos conseguido cumprir. Mas ontem (dia 19) e hoje (20), quando há a distribuição de auxílio emergencial, temos dificuldade de cumprir o distanciamento mínimo. Isso é um processo difícil”, diz. Ele afirma que precisa contar com a colaboração das pessoas. Questionado sobre a necessidade de a população precisar cumprir horários de trabalho e, por isso, não poder esperar outro transporte, o gerente afirma que, em casos em que haja uma grande demanda nos terminais, outros ônibus podem ser colocados para fazerem os percursos das linhas mais cheias.

Outra iniciativa adicional do sindicato das empresas, ainda de acordo com Maciel, foi a preparação de material de orientação de como se comportar na pandemia, hábitos saudáveis recomendados para o trabalho e para a casa, de desinfecção de calçados e do lar. “Também conseguimos com a SMS (Secretaria Municipal de Saúde) incluir a categoria de motoristas e outros profissionais que trabalham com transportes como prioridade para receber a vacina contra o H1N1.

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