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Pesquisa investiga fatores de influência no contágio da Covid-19 em Fortaleza

São analisados tanto fatores socioespaciais, com IDH e densidade populacional, e condições climáticas, como temperatura e umidade

Enquanto muitos pesquisadores se mobilizam para desenvolver tratamentos e entender o avanço da Covid-19, outros muitos já pensam em estratégias para um mundo pós-pandemia. Isso porque a retomada da rotina humana precisará ser gradual e bem planejada. Para isso, serão necessários dados concretos sobre o contágio da doença nos municípios.


É esse tipo de informação que a pesquisa "Estudo da influência das condições climáticas e socioespaciais para contágio da Covid-19 em Fortaleza", do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará (CT/UFC), planeja disponibilizar. “Em outros países houve muita higienização das ruas, cabine de desinfecção, por exemplo, mas isso tem que ser feito sabendo ou antevendo onde acontecem os casos”, explica um dos coordenadores da pesquisas, Antonio Paulo Cavalcante, docente do Departamento de Integração Acadêmica e Tecnológica (Diatec).


O estudo analisa fatores como densidade populacional, uso e ocupação do solo e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para entender como o Sars-Cov-2 tem se comportado localmente. Um dos resultados indicou que bairros de menor IDH concentram maior número de casos de coronavírus, comparando com os bairros da zona nobre.

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“[O contágio] Começou com alto IDH e depois se expandiu, passando pela classe média, e se posicionando mais na periferia. São áreas com muita densidade populacional e de construção, ou seja, muitas casas com muita gente dentro”, analisa Antonio. Segundo o professor, as regionais mais afetadas são a I e a VI.


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Entre as áreas da cidade com maiores taxas potenciais de contaminação, o estudo apontou, inicialmente, os bairros Aldeota, Cais do Porto, Vicente Pinzón, Praia do Futuro, Moura Brasil, Barra do Ceará, Canindezinho, Centro, Cristo Redentor, Edson Queiroz, José de Alencar, Presidente Kennedy, Papicu e Vila Velha.


A pesquisa sintetizou dados disponibilizados pelo Governo do Ceará, por meio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e da plataforma IntegraSUS, da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).


Condições climáticas


Enquanto os dados socioespaciais estã sendo consolidados, os pesquisadores do CT/UFC ainda trabalham para cruzar informações dos equipamentos de análise de condições climáticas com os casos de Covid-19. Ainda que a temperatura não mate o vírus, como se espalhava falsamente, o professor Cavalcante afirma que muitas pesquisas notaram indícios de que determinadas condições climáticas podem favorecer o avanço do Sars-Cov-2.


“Estudos principalmente na China, nos Estados Unidos e na Austrália levantaram várias cidades que estavam com altas taxas de infecção. Aquelas com faixa climática entre mais ou menos - 1°C até 15°C tinham grande quantidade dos casos de Covid-19. Vi que outro estudo correlacionou com umidade”, comenta o professor. Mas ele reforça: “Não é que cause a infecção, mas ocorreu nesses dois cenários”.


Por isso, o objetivo agora é avaliar a relação entre as condições climáticas de diferentes bairros de Fortaleza com a localização dos casos confirmados de Covid-19. “Esse processo não está concluído ainda, mas vai apresentar um melhor cenário que a gente possa antever, se os casos ocorrerem junto com essa faixa e mostrarem que existe alguma causalidade”, completa o coordenador.

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