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"Vai todo o mundo se acostumando, porque são números", diz William Bonner sobre mortes

Apresentador do Jornal Nacional comparou no programa perdas em tragédias à escalada lenta dos óbitos; veja vídeo

O apresentador do Jornal Nacional William Bonner realizou um comentário sobre as mortes por covid-19 na edição desta quarta-feira, 6, do programa. De acordo com o jornalista, há menos preocupação com os falecimentos devido à doença que com desastres em que houve menos óbitos. No Brasil já são mais de 8.500 mortes causadas pelo coronavírus, enquanto o total de infectados passa de 125 mil.

Bonner iniciou o discurso pontuando que os telespectadores “já nem devem lembrar” da quantidade de óbitos que havia uma semana antes: na última quinta-feira, 30 de abril, eram pouco menos de 6 mil mortes registradas. “Vai todo o mundo se acostumando, porque são números”, afirmou.

Em seguida, afirmou que em desastres e tragédias, existe a comoção causada pelo alto número de falecimentos em um só episódio: “Morreram mais de 250 pessoas em Brumadinho. Nos Estados Unidos, em 2001, morreram quase 3 mil”, disse, lembrando do rompimento da barragem da Vale na região metropolitana de Belo Horizonte (MG) e do atentado às Torres Gêmeas. “Mas quando as mortes vão se acumulando ao longo de dias e de semanas, esse baque se dilui”, acrescentou.

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Ele pontuou que “as pessoas vão perdendo a noção” da amplitude de óbitos, porque “já não têm nem como refletir” sobre a escalada do número de mortos. “Quando é assim, o baque só acontece quando quem morre é um parente, um amigo, um vizinho, ou uma pessoa famosa”, concluiu o discurso.

Veja vídeo e leia a íntegra do discurso

Você já nem deve lembrar, mas na quinta passada eram 5.901 mortos. Os números vão aumentando desse jeito, cada vez mais rápido, vão dando saltos. E vai todo o mundo se acostumando, porque são números.

Um número muito grande de mortes de repente, num desastre, sempre assusta: as pessoas levam um baque. Morreram mais de 250 pessoas em Brumadinho. É uma tragédia. Nos Estados Unidos, em 2001, morreram quase 3 mil nos atentados do 11 de setembro. Três mil. Assim, de repente.

Mas quando as mortes vão se acumulando ao longo de dias e de semanas, como acontece agora na pandemia, esse baque se dilui, e as pessoas vão perdendo a noção do que seja isso. Oito mil vidas acabaram. Eram vidas de pessoas, amadas por outras pessoas. Pais, filhos, irmãos, amigos, conhecidos.

Aí o luto dessas tantas famílias vai ficando só para elas, porque as outras pessoas já não têm nem como refletir sobre a gravidade dessas mortes todas, que vão se acumulando. Todo dia, todo dia. Hoje são 8.500. Amanhã, a gente não sabe. Quando é assim, o baque só acontece quando quem morre é um parente, um amigo, um vizinho, ou uma pessoa famosa.

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