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Casas para estudantes no Ceará estão esvaziadas durante pandemia

Universidades tentam apoiar quem decidiu ficar nas residências por precaução

Desde os primeiros casos de infectados pela Covid-19 registrados no Ceará, há um êxodo de estudantes rumo aos seus endereços originários. Principalmente para o interior do Estado. As residências universitárias e a Casa do Estudante estão esvaziadas. Quem decidiu ficar vive do auxílio das instituições educacionais e de incertezas. A partir de atualização na noite do domingo, 12, o Ceará chegou a 1.747 casos confirmados do novo coronavírus. Conforme a Secretaria da Saúde do Estado, 85 pessoas morreram em decorrência do Sars-Cov-2.

A Universidade Federal do Ceará (UFC), por exemplo, tem dez residências universitárias. As instalações abrigam cerca de 400 discentes. No entanto, apenas 149 ocupam os leitos neste contexto epidemiológico pandêmico. Para os que quiseram retornar às suas casas, a instituição criou e disponibilizou o auxílio-deslocamento nesse momento angustiante.

“A gente entendeu que esses precisavam de apoio. No entanto, alguns ficaram temerosos de levar a doença e estão nas residências. A gente entrega todos os dias café da manhã, almoço e jantar”, relata Geovana Cartaxo, pró-reitora de Assistência Estudantil (Prae). Para reduzir a zero o fluxo de discentes no Restaurante Universitário, benefício de R$ 27,26 diariamente será dada a 600 alunos.

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Conforme a porta-voz, durante a primeira semana de suspensão das atividades, os diretores das residências reuniram-se com o vice-reitor, professor José Glauco Lobo Filho, para conversa sobre a Covid-19.

A 163,5 quilômetros de Fortaleza, no município de Quixadá, a residência da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central, com 25 residentes, da Universidade Estadual do Ceará também fechou. “A Uece manteve a assistência estudantil através da manutenção das bolsas estudantis dos diversos programas de bolsas, de monitoria e tutoria acadêmica, de extensão e de iniciação artística, de iniciação científica e de permanência universitária”, destacou a instituição em nota.

Além disso, os serviços nos restaurantes e refeitórios universitários, nos Campi do Itaperi, Fátima, Fafidam e Fecli foram encerrados, temporariamente, para evitar aglomeração, obedecendo o decreto governamental que orienta as medidas para prevenção da proliferação da Covid-19.

Os restaurantes e refeitórios universitários, da capital instalados nos Campi Itaperi e Fátima, e do interior na Fafidam em Limoeiro do Norte e na Fecli em Iguatu, estão fechados para evitar aglomeração, seguindo as recomendações do decreto governamental.

Estudante de medicina da Unicristhus, Nayelle Costa, 21, é presidente da Casa do Estudante em Fortaleza. Dos 120 moradores da unidade, restaram em torno de 35 desde o início do isolamento social. “Na casa, a gente tem o restaurante próprio. Quando foi decretado a quarentena, demos folga aos funcionários e o estoque de alimentos demos aos moradores”, relata a universitária.

A jovem descreve a situação como bastante complicada. Segundo ela, os supermercados delimitam a quantidade de compras. Além disso, há temor entre os estudantes de ir às compras com a possibilidade de contágio. “Os que ficaram foi porque tem pessoas do grupo de risco no interior. A gente sabe que são pessoas que vão sofrer com a maior gravidade da doença”, comenta.

A CEC abriga acadêmicos e secundaristas. Quando eles passam na universidade, os ingressos têm o direito de ficar na casa desde que não ganhe, como no caso da UFC, uma vaga na residência universitária.

Afonso Ferreira, 20, reside na Casa do Estudante do Ceará. De Canindé, distante 121,3 km de Fortaleza, o jovem está no 3º semestre do curso de Engenharia Civil na UFC. “Eu decidi ficar por precaução, por medo de transmitir para quem está no interior. Minha irmã é doente, um dos motivos pelo receio”, conta.

Entre as preocupações de Afonso está o comportamento do cearense em cumprir o decreto governamental. “Além disso, minha preocupação é voltar antes de conter o vírus, e tudo o que fizemos ser em vão. Se isso acontecer, vai todo mundo pegar."

Diretor da residência da UFC, localizada na avenida Carapinima, Gabriel Vieira, 20, é acadêmico de educação física e também decidiu ficar na capital cearense para preservar a saúde dos familiares, moradores do município de Granja, a 342,2 km de Fortaleza. Os pais do discente estão dentro do grupo de maior risco, caso sejam infectados pelo Sars-Cov-2.

“Os sentimentos durantes esses dias são de ansiedade e medo. Para não surtar, estou fazendo vários exercícios. Metade dos meus colegas residentes deixaram a casa. Muitos já imaginavam que seria um período longo e, para não passar perrengue por aqui, decidiram voltar pra casa”, desabafa. O estudante sobrevive com ajuda financeira e alimentícia dada pela UFC.

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